O perito criminal federal e ex-diretor Técnico-Científico da Polícia Federal Fábio Salvador participou, nessa 4ª feira (10/11), de um painel do pavilhão brasileiro da 26ª edição da Conferência das Partes (COP26), realizado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). Salvador apresentou o novo projeto prioritário PF e do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) para combater ilicitudes que ocorrem na cadeia produtiva do ouro, desde o momento de sua extração até a comercialização.
Segundo o perito criminal federal, o Programa Ouro Alvo tem como objetivo desenvolver mecanismos e procedimentos de combate à lavagem de dinheiro, financiamento do terrorismo, crimes ambientais, trabalho escravo, furto, riscos e vulnerabilidades associados à extração ilegal de ouro no Brasil e na América Latina. “É um programa amplo, de caráter eminentemente técnico-científico, investigativo e também econômico-financeiro.”
“Essa rastreabilidade que nós procuramos é tanto documental quanto química, física, isotópica e geoquímica. Estamos em um contexto de aumento acelerado dos valores dos preços do ouro no mercado internacional nos últimos anos, que tem provocado uma grande corrida por depósitos ilegais e que, devido aos valores muito altos do grama do ouro, fez com que novamente garimpos passassem a despertar atenção”, alertou Salvador.
Há mais de 50 peritos criminais envolvidos no desenvolvimento do programa, além de parcerias com instituições nacionais e internacionais, de acordo com o ex-diretor Técnico-Científico. Na avaliação dele, é preciso entender a cadeia produtiva do ouro, desde a fase de mineração até a fase de comercialização e beneficiamento. “O que nós desenvolvermos aqui no programa queremos também aplicar em todos os outros setores produtivos minerários. Com esse trabalho sobre o ouro brasileiro, poderemos desenvolver também para outros minérios para que tenhamos protocolos bem definidos”, afirmou.
Salvador também chamou atenção para a necessidade de criação de um Banco Nacional de Perfis Auríferos, que é uma grande base de dados com as informações de todas as ocorrências de ouro. “É uma tarefa dificílima, um desafio enorme, mas que motiva todos nós porque já está sendo desenvolvido em outros países. O fato de o Brasil ser gigantesco e ter muito ouro não nos tira o ânimo de conseguir ter esse banco.”
O perito destacou ainda o projeto de lei (PL 836/2021) apresentado pelo senador Fabiano Contarato (Rede-ES) com sugestões da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), que viabilizará a implementação de muitas propostas do Programa Ouro Alvo.
Veja a íntegra da participação de Fábio Salvador no painel da COP26: