Os peritos criminais federais Adriano Maldaner e Mônica Paulo de Souza participaram do Seminário Internacional sobre a Redução da Oferta de Drogas Ilícitas promovido pelo Centro de Excelência para a Redução da Oferta de Drogas Ilícitas (CdE) em 7 e 8 de dezembro. O evento debateu os efeitos da pandemia da covid-19 no mercado de drogas ilícitas no Brasil e no mundo.

Lotados no Serviço de Perícias de Laboratório (Seplab), do Instituto Nacional de Criminalística (INC) da Polícia Federal, os peritos federais compartilharam conhecimentos na sessão temática “Tendências e ameaças das Novas Substâncias Psicoativas no Brasil e no mundo: estratégias e desafios”. A sessão, mediada por Maldaner, discutiu experiências, pesquisas e análises de dados sobre os Sistemas de Alerta Rápido (SAR) e as ameaças das Novas Substâncias Psicoativas (NSP), com o objetivo de construir novas redes de conhecimento sobre a temática.

Responsável pelo grupo de drogas sintéticas do INC e integrante do Comitê Técnico do SAR, Mônica Paulo abriu o painel. Ela afirmou que os traficantes dessas substâncias encontraram um terreno fértil no Brasil. “No país, o uso dessas drogas não se restringe mais aos festivais ou festas eletrônicas, elas podem ser encontradas em todos os tipos de festas. Mesmo na pandemia, as apreensões de drogas sintéticas no país continuaram, em menor quantidade, o que pode estar relacionado com a realização de festas clandestinas nos períodos de restrições para o combate à Covid-19.”

A perita criminal federal relatou que laboratórios clandestinos também foram encontrados durante a pandemia, principalmente de síntese de MDA. “Há relatos de muitos laboratórios forenses no Brasil de uma maior identificação da substância MDA se comparada a detecção de MDMA. Isso pode significar que as dificuldades encontradas no início da pandemia pelo tráfico dessas drogas que vinham da Europa foram superadas pelo estabelecimento em definitivo de uma produção nacional de drogas sintéticas, principalmente da substância MDA”, disse Mônica.

Mônica também chamou atenção para o aumento na identificação de canabinoides sintéticos nos presídios brasileiros. Segundo ela, as diversas restrições sanitárias que ocorreram durante a pandemia nos presídios parecem ter estimulado o envio de canabinoides sintéticos impregnados em papel via correios. “Esses são só dois exemplos de possíveis mudanças na dinâmica do tráfico de drogas sintéticas no Brasil durante a pandemia, que precisam ser monitoradas. Para melhor compreender o fenômeno das drogas no país é fundamental a coleta e análise sistemática de dados referentes a drogas apreendidas. Em diversos países, isso é realizado por meio de um Sistema de Alerta Rápido sobre Drogas”, salientou.

Destaque ainda para os palestrantes internacionais da sessão temática: Ana Gallegos, chefe do Setor de Atuação sobre Novas Drogas do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (EMCDDA); Conor Crean, oficial de Assuntos Científicos da Seção Científica e de Laboratórios do UNODC Viena; e Barry Logan, Diretor Executivo do Centro de Pesquisa e Educação em Ciência Forense (CFSRE).

O evento contou com apoio do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas (UNODC) e da Secretaria Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos do Ministério da Justiça e Segurança Pública (Senad/MJSP).