Assinatura

A assinatura, sequência lógica de movimentos previamente gravados no cérebro praticamente impossíveis de serem reproduzidos, apresenta dois tipos de reconhecimento: o estático ou offline, que trata do processamento da imagem; e o dinâmico ou online, com processamento no momento em que a pessoa está escrevendo.

Em relação à suas características técnicas, a assinatura, embora seja uma biometria possível de ser utilizada na verificação (1:1)1 e em programas de pequena escala, as características de universalidade, permanência, desempenho, resistência à fraude, inviabilizam sua utilização como biometria primária ou complementar em um programa de grande escala. Assim, esta biometria não é indicada para a identificação (1:N),2 em função principalmente da imprecisão, dos fatores comportamentais e da variação na permanência de sua amostra.

Face

O reconhecimento facial é um método não invasivo e seus atributos são as características biométricas mais comuns usadas por seres humanos para reconhecer uma pessoa. São dois os métodos de reconhecimento facial: (i) baseado na localização e forma de atributos faciais, tais como os olhos, as sobrancelhas, o nariz, os lábios e o queixo e suas relações espaciais; e (ii) a análise global da imagem do rosto que representa uma face de uma combinação ponderada de um número de faces canônicas.

Embora o desempenho de autenticação dos sistemas de reconhecimento de face disponíveis comercialmente seja razoável, estes sistemas impõem uma série de restrições sobre como as imagens faciais devem ser obtidas, necessitando, por exemplo, de um fundo fixo, iluminação controlada, entre outras. Esta biometria não é apropriada para o processo de identificação (1:N) em virtude da baixa resistência à fraude, da permanência mediana e também do baixo desempenho do sistema de reconhecimento. Em sistemas de larga escala, o uso da biometria facial pode acarretar em custos elevados de armazenamento, processamento e atualização. No entanto, em função da tradicional utilização da imagem facial das pessoas na autenticação visual, esta biometria pode vir a ser utilizada como biometria complementar.

Impressão digital

A Datiloscopia é um método de identificação baseado no reconhecimento das impressões digitais. São quatro os princípios fundamentais que regem a datiloscopia: perenidade, imutabilidade, classificabilidade e variabilidade. É considerada uma das tecnologias biométricas mais prática, segura e econômica que existe. Para o reconhecimento automatizado das impressões digitais é utilizado, desde a década de 80, o Sistema Automatizado de Identificação de Impressões Digitais (AFIS) para controle de imigração, controle de acesso, porte de armas, transações eletrônicas, controle e gerenciamento de ponto etc.

Em virtude de significativa parte da população brasileira (14,2%) (Censo IBGE 2010) desempenhar funções nas atividades da agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, e outros em atividades vinculadas ao serviço doméstico (6,9%) (Censo IBGE, 2010), há possibilidade de que parte dessas pessoas tenha suas digitais gastas ou inexistentes. A biometria impressão digital é muito bem utilizada tanto para identificação (1:N) quanto para verificação (1:1). Diante do legado existente no cadastramento eleitoral e criminal no Brasil e considerando as características apresentadas pela impressão digital, conclui-se que esta biometria é fortemente aplicável na individualização dos brasileiros, mormente se associada a outras tecnologias biométricas.

Íris

A íris é a região anular de cada um dos olhos e é delimitada pela pupila e pela esclera. A textura visual da íris é formada durante o desenvolvimento fetal e se estabiliza durante os dois primeiros anos de vida. Essa complexa textura carrega muita informação distinta e útil para o reconhecimento pessoal. Cada íris é diferente e até mesmo as íris de gêmeos idênticos são diferentes. A íris possui excelentes características como precisão, velocidade de cadastramento, singularidade e universalidade. O reconhecimento da íris é uma tecnologia relativamente recente e tem despertado bastante atenção de fabricantes e de vários governos em todo o mundo. Atualmente, a íris é considerada a biometria mais precisa e é extremamente indicada para a identificação (1:N) em sistemas de grande escala.

De acordo com o projeto desenvolvido na Índia, a íris tem sido utilizada principalmente na identificação para de-duplicação (processo de examinar, durante o procedimento de cadastramento, se a amostra biométrica que está sendo cadastrada tem alguma amostra correspondente em todo o banco de dados já existente) dos usuários, evitando-se inserções em duplicata e mantendo-se um enorme banco de dados limpo. Os principais benefícios em se utilizar a íris são o aumento da precisão no reconhecimento de indivíduos e o fato da inclusão de pessoas, aumentando a cobertura do sistema em programas de identificação.

Veias da mão

O padrão formado pelos vasos sanguíneos é único para cada indivíduo. As veias são os vasos que chegam ao coração com grandes volumes de sangue. O reconhecimento pelas veias das mãos é feito utilizando-se luz infravermelha, que identifica as hemoglobinas do sangue com oxigênio, separando-as por cores (as veias aparecem em cores escuras). A rede de vasos da mão é muito complexa, permitindo, portanto, que os padrões das veias sejam considerados únicos para cada indivíduo. A possibilidade de usar o padrão vascular da mão data de meados de 1990, tendo o primeiro produto comercial neste sistema desenvolvido em 1997. Desde então, a tecnologia tem se desenvolvido e o padrão foi adotado em 2007 pela Organização Internacional de Padronização (ISO).

As informações existentes sobre essa biometria foram originadas, principalmente, pela própria Fujitsu (empresa detentora da patente da biometria), que indica a biometria das veias da mão para a verificação (1:1). Entretanto, devido à falta de popularização da tecnologia, a falta de comercialização de produtos de outros fabricantes e a falta de competições abertas, como as realizadas pelo NIST, fazem com que a tecnologia não seja considerada madura o suficiente para o processo de identificação (1:N) em um projeto de grande escala. A característica mais relevante desta biometria é a sua resistência à fraude, já que o padrão das veias da mão é interno ao corpo, tornando-o difícil de ser copiado.

Voz

As cavidades vocais, como o nariz e a garganta, além do tamanho e forma das cordas vocais, são características físicas presumidamente únicas. O movimento da mandíbula e dos lábios, o sotaque adquirido e as influências ambientais são componentes comportamentais que não são replicáveis, como total fidelidade, por dois diferentes indivíduos. O reconhecimento da fala ou reconhecimento da voz é baseado na premissa de unicidade desses componentes físicos e comportamentais. O reconhecimento da voz é uma área ativa de pesquisa com grande potencial comercial, mas ainda é uma tecnologia com limitações para a adoção em projetos de grande escala. Os sistemas de verificação de voz (1:1) superam os sistemas de identificação de voz (1:N), mas ambos são objetos de estudo.

A tecnologia de reconhecimento da voz não é a mais segura quando comparada com as outras biometrias estudadas. Além disso, a voz humana muda com o tempo. Portanto, o template cadastrado de um usuário jovem possivelmente não poderá ser comparado com sua voz quando adulto. Assim, a frequência de atualizações cadastrais será alta, o que é inviável em grandes projetos. Atualmente, não existe nenhuma implementação dessa biometria em sistema de identificação biométrica em grande escala.

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1 determinado cidadão no momento de sua identificação será comparado com o cadastro dele próprio ou seja 1:1
2 determinado cidadão no momento de seu cadastro ou de sua identificação será comparado com N indivíduos já inseridos no banco de dados, que ao final do projeto nacional será em torno de 200 milhões

Artigo produzido pela perita criminal federal Sara Lenharo