A perícia criminal da Polícia Federal venceu o prêmio “DNA Hit Of The Year” 2020, um dos mais importantes concursos internacionais para a área de genética forense, que é o uso da genética em investigações criminais.

A premiação é entregue anualmente a um caso emblemático de uso dos bancos de dados de DNA para a resolução e prevenção de crimes. Pela 1ª vez, o reconhecimento foi concedido a uma equipe brasileira.

Por meio do confronto de dados do Banco Nacional de Perfis Genéticos (BNPG), a perícia federal ajudou a identificar e a condenar alguns dos responsáveis pelo assalto à sede da transportadora de valores Prosegur, em Ciudad del Este, em 2017. O crime é apontado como o maior da história do Paraguai e ficou conhecido como o “Roubo do Século”.

Perícia federal em ação

Confrontando material genético recolhido na cena do crime na cidade paraguaia com materiais cadastrados no BNPG, os peritos federais puderam relacionar o assalto à Prosegur a 18 outros crimes ocorridos entre 2013 e 2019 em 7 Estados brasileiros.

Um dos DNAs encontrados na sede da Prosegur deu “match”, como se diz no jargão forense, com o de um homem que participou, em 2016, do assassinato de um agente penitenciário federal, em Cascavel (PR). Depois, em 2017, o mesmo DNA foi encontrado na cena de um assalto a uma agência do Banco do Brasil em Campo Grande (MS).

Esse homem foi preso em dezembro de 2018, suspeito de arrombar e explodir os muros de uma penitenciária estadual na região metropolitana de Curitiba para ajudar na fuga de 29 detentos em setembro daquele ano.

Graças à lei federal 12.037/2009, que permite a coleta do material genético do criminoso mediante autorização judicial, o homem preso teve seu DNA recolhido e inserido no Banco Nacional de Perfis Genéticos.

Os vestígios coletados durante a investigação do caso foram analisados pelos peritos criminais da Área de Perícias de Genética Forense (APGEF) da Polícia Federal. A perita da PF Ana Paula Vieira de Castro representou o Brasil no concurso internacional. Para ela, o reconhecimento ao caso brasileiro reforça a importância do fortalecimento dos bancos de perfis genéticos, um dos projetos estratégicos do Ministério da Justiça e Segurança Pública para o combate à criminalidade. 

“É uma demonstração da eficiência da ferramenta e dos recursos humanos e científicos disponíveis em nosso país. O investimento nesse tipo de proposta ataca o cerne do problema e visa a combater a impunidade com instrumentos e rigor técnico-científicos”, destaca Ana Paula.

Segundo relatório da Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos (RIBPG), atualmente, são mais de 82 mil perfis genéticos armazenados no BNPG.

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