O presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), Marcos Camargo, participou na 3ª feira (24/9) de audiência pública que debateu o modelo de polícia no Brasil. A discussão foi promovida pela Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados e contou com a presença de outras entidades de classe policiais.

Camargo destacou a necessidade de intensificar o uso da ciência e da tecnologia em favor da segurança pública e da resolução de crimes. Como exemplo bem sucedido, ele citou o caso da menina Rachel Genofre, em que o suspeito de matá-la foi enfim identificado quase 11 anos depois do crime. “Finalmente tivemos a identificação do autor graças ao uso de ferramentas tecnológicas, que foi especificamente o banco de perfis genéticos”, destacou. 

O presidente da APCF ainda descreveu para os deputados federais alguns dos sistemas tecnológicos desenvolvidos pela perícia federal para auxiliar nas investigações criminais. “Temos o Iped, que é um indexador de evidências digitais, sem o qual muitos resultados da Lava Jato talvez não teriam sido obtidos. Temos ainda o Nudetective, um software que tem a capacidade de identificar pornografia infantil de forma rápida, eficiente e confiável. E, na área de drogas, nós temos projetos de perfil químico, de quantificação de drogas em esgoto, entre outros.”

Segundo Camargo, ferramentas próprias da perícia, sem igual no mercado, aumentam a eficiência da comprovação material e identificação da autoria dos crimes. Além disso, elas auxiliam na definição de políticas pública. “Esses mecanismos mostram a relevância do emprego da ciência na segurança pública. E, diante dessa relevância, é importante que quem está trabalhando na produção de provas materiais – que são os peritos – tenha uma atenção em relação aos modelos ideais de polícia. É estimulando a ciência e a tecnologia que também vamos conseguir resolver mais crimes, diminuir impunidade e, consequentemente, ter uma sociedade mais segura”, disse.

Marcos Camargo afirmou ainda que não existe modelo único de perícia criminal, mas que todos precisam estar baseados na isenção, independência e equidistância das partes. “Uma coisa há convergência: qualquer sistema forense precisa cumprir os requisitos básicos para funcionar. Precisa de imparcialidade, de prudência, de objetividade, de confiança e de gestão.”

Confira a participação do presidente da APCF na íntegra.