Em palestra na 3ª edição da Uberlândia Tech Conference – Direito e Tecnologia, nesta 5ª feira (17/10), o presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), Marcos Camargo, afirmou que o trabalho da perícia criminal é essencial para diminuir os riscos e inseguranças que atrapalham o país. “Em um país em que a criminalidade é alta, os negócios não se desenvolvem, os investidores fogem. Nossa missão é trabalhar por um Brasil com menos crimes. Para isso, precisamos de uma série de soluções para sanar essa problemática”, afirmou Camargo.
O presidente da APCF apontou o investimento em ciência, tecnologia e inovação como uma das mais importantes ferramentas de combate à impunidade que, segundo ele, é uma das principais causas da criminalidade no país. “Muitas pessoas cometem crimes não pensando no tamanho da sua pena, mas sim no fato de que provavelmente não serão presas. Na medida que a gente combate a impunidade e resolve os crimes, há uma sinalização de que o crime não compensa”, complementou.
Como exemplo bem-sucedido de emprego do conhecimento científico na segurança pública, Camargo citou os bancos de perfis genéticos, usados na identificação criminal. De acordo com o último relatório da Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos do Ministério da Justiça e Segurança Pública, que é coordenada pela perícia criminal federal, o Brasil possui cerca de 30 mil perfis cadastrados. “O número ainda é muito pequeno, se comparado a países como Reino Unido e Estados Unidos. Mas com esse pouco material, já conseguimos excelentes resultados”, disse Camargo.
Marcos Camargo citou ainda casos brasileiros em que os bancos de perfis genéticos foram decisivos para a solução de crimes. Entre eles, o do assalto à sede da Prosegur no Paraguai. Por meio da ferramenta, chegou-se a identificação de sete membros do PCC e correlação com outros crimes. Outro caso emblemático citado pelo perito federal foi o da menina Rachel Genofre, encontrada morta em 2008 na Rodoferroviária de Curitiba. Depois de 11 anos, o suspeito de matá-la foi identificado graças à comparação de material genético.
Além do banco de DNA, Camargo também chamou atenção para softwares desenvolvidos pelos peritos criminais federais brasileiros para as análises científicas. São eles: o IPED, um indexador e processador de evidências digitais; o NuDetective, ferramenta com o objetivo de promover a identificação de fotos e vídeos de pornografia infantil; o PeQui e Quantox, usados na análise de drogas; e o Peritus, programa que possibilita o processamento de materiais com conteúdos de vídeo, comparação facial e fotogrametria forense.