Parte da programação especial do Mês da Mulher, o Diálogos APCF desta 4ª feira (31/3) debateu a representatividade nas carreiras e os desafios no enfrentamento à violência contra a mulher. Para falar sobre o tema, participaram a perita criminal federal Márcia Nogueira, a juíza de Direito Elayne Cantuária, a perita criminal de Pernambuco Sandra Santos e a advogada Natalie Alves.
Diretora da APCF, Márcia Nogueira moderou o bate-papo e chamou atenção para o papel da mulher na sociedade e os dados da representação feminina na segurança pública, na magistratura e na advocacia. “Não é importante apenas ver muitas mulheres, é necessário refletir sobre a efetiva participação delas nas questões importantes do país.”
A juíza Elayne Cantuária, vice-presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), entre outros pontos, falou sobre a importância do enfrentamento da violência doméstica contra a mulher, os desafios da subnotificação e a necessidade dos ambientes de acolhimento. “Estudos indicam que, nesta pandemia, a mulher tem sofrido ainda mais com a violência doméstica. Falar de mulher é falar da igualdade de gênero como expressão de cidadania e direito das pessoas humanas. Para que a gente alcance essa verdadeira igualdade, é necessário que aumentemos os nossos espaços de fala pública. Espaços esses que têm efeitos multiplicadores na sociedade: na política, na economia, entre outras áreas”, disse.
Perita criminal e primeira mulher chefe da Polícia Científica de Pernambuco, Sandra Santos refletiu sobre os desafios da representatividade da mulher na segurança pública. “Nós sentimos essa necessidade de falar, porque quando expomos os números da nossa área fica ainda mais perceptível o quanto a nossa presença em instituições, espaços de poder é mínima. Muito frequentemente, eu escuto pessoas falando que discutir isso é ‘mimimi’, e os dados indicam que não tem nada de ‘mimimi’. Espaços como este, por exemplo, são essenciais, pois dão visibilidade a esse grito das mulheres, sobretudo, por igualdade.”
A advogada Natalie Alves reforçou que, apesar de as mulheres serem a metade da Ordem dos Advogados Brasileiros (OAB), elas ainda aparecem pouco. Ressaltou ainda o papel do papel da advogada, tanto do ponto de vista do direito ao devido acolhimento quanto do ponto de vista dos procedimentos para garantia da apuração criminal, incluindo o recolhimento e uso das provas, bem como a cadeia de custódia. “Esse tema não deve estar sobre os holofotes apenas no mês de março. As mulheres sofrem violência o tempo todo. É necessário firmar o compromisso de que enquanto esse cenário dramático não se alterar, a pauta feminina precisa estar em voga”, ponderou.
Assista a íntegra do Diálogos APCF: