A Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) deu início, nessa 2ª feira (11/4), ao ciclo de debates Ciência em Foco, em Curitiba. A primeira edição do evento debateu “Os desafios do uso da ciência nas políticas de meio ambiente” e reuniu um time renomado de palestrantes, no Teatro UP Experience da Universidade Positivo. Na oportunidade, eles defenderam a integração científica para aprimorar e resolver questões ambientais.
O presidente da APCF, Marcos Camargo, abriu o debate destacando a importância do poder público para a criação de políticas públicas para a área. Segundo ele, é necessário voltar o olhar para a ciência e usá-la cada vez mais para a criação de iniciativas eficazes. “A pandemia mostrou a importância da discussão e da valorização da ciência. Apesar de alguns avanços nos últimos anos, é preciso evoluir ainda mais. O pensamento científico ainda não é uma prioridade dos governantes e das autoridades”, disse.
“É uma necessidade urgente debater e estimular o uso cada vez maior da ciência. É por meio do debate e de medidas inovadoras que será possível oferecer soluções profundas e sistêmicas para as dificuldades enfrentadas pelo Brasil nas mais variadas áreas”, ressaltou Camargo.
Veja a íntegra do debate:
Ph.D. em Florestas e Ecologia e pós-doutor com expertise em mudanças climáticas, certificações, sustentabilidade e bioenergia, o professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Carlos Roberto Sanquetta afirmou ser essencial usar a ciência em prol de um país melhor, uma sociedade mais justa e um meio ambiente mais equilibrado. “O Brasil está sendo cobrado e será cada vez mais cobrado por suas ações ambientais. Não podemos encarar a ciência como algo distante. A ciência pode, sim, mudar o nosso dia a dia, sobretudo com ações e medidas concretas. Falar de meio ambiente e falar de ciência parece ser algo tão fora da nossa realidade, mas precisamos vivê-las no dia a dia. Nossa ação individual faz diferença”, ponderou.
Clarissa Bueno Wandscheer, professora do programa de Pós-graduação em Direito e em Gestão Ambiental da Universidade Positivo, avaliou que as políticas públicas de meio ambiente precisam ser pensadas a longo prazo. “Eu não vou ter uma floresta reconstruída em dois ou três anos”, salientou. “Não queremos políticas públicas de governo e, sim, de Estado, que levem em consideração as nossas propostas, os nossos anseios como sociedade, as nossas necessidades. Precisamos planejar de maneira adequada e eficiente tantos recursos disponibilizados, mobilizar os esforços para atingir o meio ambiente que queremos ou desejamos.”
Para o assessor técnico da Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Curitiba Felipe Maia Ehmke, coordenador do Plano de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas (PlanClima), o maior desafio na área de meio ambiente está no engajamento global para um objetivo comum. “Devemos nos perguntar: o que podemos fazer para contribuir para este processo de construção de políticas públicas ambientais? Precisamos também chamar atenção para a governança. Quando nós falamos nos instrumentos de política, o principal instrumento é a atuação de forma colaborativa e coletiva.”