O presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), Marcos Camargo, comandou nessa 4ª feira (29/7) mais uma edição da série de webinars Diálogos APCF. Com o tema “Ciência contra o crime: muito além do discurso”, participaram do debate o perito criminal federal e ex-diretor Técnico-Científico da PF, Fábio Salvador; a professora e pesquisadora em isótopos forenses, Gabriela Nardoto; e o diretor-geral da Polícia Científica do Paraná, Luiz Rodrigo Grochocki.

Camargo afirmou que, muito além do discurso, é necessário buscar uma execução prática, efetiva e perene da ciência no Brasil. “Estamos passando por um momento de pandemia, onde o tema ciência acabou ganhando notoriedade na sociedade. Mas, infelizmente, foi preciso aparecer uma doença para que a temática voltasse para a ordem do dia nos debates e discussões. Precisamos debater ciência fora do oportunismo, muito além de um debate vazio”, destacou. 

“Não podemos deixar que a discussão sobre ciência seja usada só por conta de um momento e, acabado este momento, ela volte a ser relegada e colocada novamente em segundo plano. A ciência, em todas as áreas, precisa ser prioridade. Seja na segurança pública, na saúde, na academia…”, reforçou o presidente da APCF. 

O perito criminal federal Fábio Salvador chamou a atenção para o desenvolvimento científico permanente e cobrou mais valorização para a área. “A ciência, que continuamente tem sido desvalorizada, precisa se estabelecer e se tornar perene na sociedade. Sejamos francos, a ciência nunca fez parte da sociedade brasileira. 

Salvador ressaltou que, assim como o crime evolui, a ciência contra o crime precisa ser dinâmica. “Ciência é a geração de conhecimento. Tecnologia é a aplicação do conhecimento. Aqueles que se dedicam a criar conhecimento estarão sempre na vanguarda da humanidade. Agora, aqueles que aplicam o conhecimento, somente, ficarão sempre dependentes. E, da mesma forma que o crime evolui e se desenvolve com tecnologias, o método científico também precisa se desenvolver. ”, disse. 

A professora Gabriela Nardoto, que é a atual presidente da Rede Nacional de Isótopos Forenses (Renif), falou sobre a importância da interação entre as áreas do conhecimento e aproximação da academia com as forças policiais. “Não adianta ter apenas uma das partes. Se a gente faz uma rede, que junta diversas áreas da sociedade, isso acaba explodindo e acaba tendo um avanço e respostas muito mais rápidas. É necessário juntar esforços.”

O perito criminal Luiz Rodrigo Grochocki destacou, entre outros pontos, que a falta de investimentos na ciência afeta a resolução de crimes no Brasil. “Isso é uma realidade, até por conta da qualidade da Justiça. Quando você tramita, por exemplo, um processo criminal que tem ausência da aplicação de provas produzidas pela ciência, eu acho que isso afeta diretamente o nível de conhecimento do magistrado e a segurança dele de aplicar uma pena. […] Nós precisamos avançar bastante. Mas o que me traz um alento muito grande é que a perícia criminal tem a capacidade de fazer inovação e ciência com muito pouco. A gente consegue se superar mesmo diante das dificuldades.”

Assista a íntegra do Diálogos APCF, que teve como tema “Ciência contra o crime: muito além do discurso”:

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