O perito criminal federal Érico Negrini, lotado no Setor Técnico-Científico da Polícia Federal em Goiânia (Setec-GO), teve artigo aceito pela Associação de Programas de Pós-Graduação em Ciências Contábeis (ANPCont). Em seu trabalho acadêmico, ele abordou a divergência existente nas avaliações de relatórios corporativos por meio das métricas ESG (meio ambiente, social e governança) e as suas consequências para o futuro do planeta.
O artigo “ESG e Agenda 2030: Análise Comparativa das Informações dos Relatórios de Sustentabilidade à Luz da Materialidade Financeira e Estrutura Metodológica” será apresentado em dezembro no congresso anual da ANPCont. “ESG foi um dos temas da COP-26, onde representantes de países discutiram as questões climáticas do planeta e os compromissos para evitar o agravamento do aquecimento global. ESG passou a ser considerado um fator de risco para as empresas e o mercado de capital. Grandes gestores de ativos começaram a compreender que os seus retornos dependem da existência de um planeta sustentável e da melhoria das condições de vida da população. É nesse cenário que a ciência tem uma relevante responsabilidade em garantir que as informações prestadas pelas empresas e avaliadas pelos investidores sejam materialmente relevantes e corretas, evitando práticas condenáveis como o greenwashing e socialwashing”, explica Negrini.
“As pesquisas acadêmicas que avançam sobre ESG demandam uma atuação cada vez mais integrada entre as ciências. Ao mesmo tempo que cientistas discutem sobre impactos no meio ambiente, também se discute as formas de evidenciação corporativa e precificação dos chamados ativos verdes. Os resultados da COP26 mostram que a ciência terá muito trabalho pela frente para desenvolver temas como o mercado de crédito de carbono e o processo de padronização internacional contábil na área de sustentabilidade, anunciado também pelo IFRS. É positivo que esses temas estejam sendo debatidos pela comunidade científica, mas também é importante que a perícia esteja preparada para analisar os riscos práticas de crimes decorrentes da assimetria informacional. A perícia federal possui como característica essa multidisciplinaridade de conhecimentos científicos e pode contribuir muito para com a ciência forense, não só para coibir crimes, mas também para o desenvolvimento das boas iniciativas que possam ajudar o desenvolvimento sustentável do planeta”, ressalta o perito criminal federal.
Érico Negrini também contribuiu com o tema na 8ª Semana Nacional de Educação Financeira, que aconteceu de 8 a 14 de novembro de 2021. “ESG também trata de cultura, da forma como as pessoas estão consumindo, da forma como as pessoas cobram das empresas o cumprimento de metas ambientais ou de inclusão social, de representatividade, etc. Nessa apresentação, procurei passar pelos principais pontos relacionados ao ESG, incluindo a área contábil, direito e as demais ciências, e a sua relação com a ciência forense.”
Negrini apresentará ainda um estudo de caso sobre a indústria do tabaco e os aspectos relacionados à evidenciação contábil no 11º Congresso de Contabilidade e Governança da UFSC e mediará uma mesa no 7º Congresso UnB de Contabilidade e Governança. O tema central é a atuação do perito de contabilidade, com foco na atividade pericial e o ESG como uma nova área de atuação da contabilidade e da perícia a ser desenvolvida.