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“É preciso fortalecer as ferramentas capazes de aumentar a resolução de crimes”, diz Camargo em artigo no Estadão

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O Blog do jornalista Fausto Macedo, do jornal O Estado de S. Paulo, publicou artigo assinado pelo presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), Marcos Camargo. Na publicação, ele reforça a importância dos bancos de DNA como instrumento de combate ao crime. “Há apenas um caminho a se percorrer: fortalecer as ferramentas capazes de levar a um aumento da resolução desses crimes.” 

Camargo faz um panorama do banco de perfis genéticos brasileiro desde a sua criação até os dias atuais. Além disso, destaca exemplos positivos em a aplicação da genética forense apontou culpados e inocentes no país.

“O remédio para a impunidade não pode ser outro que não a construção de caminhos sólidos de uma nação que efetivamente tenha um aparato investigativo robustecido e que coloque a ciência a favor do combate à criminalidade”, ressalta Camargo.

Confira a íntegra do artigo aqui.

Workshop virtual sobre isótopos forenses reúne mais de 500 participantes

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Idealizada em 2019 com o apoio da Perícia Criminal Federal, a Rede Nacional de Isótopos Forenses (Renif) promoveu de 6 a 10 de julho a 2ª edição do Workshop Nacional sobre Isótopos Forenses. Em decorrência da pandemia do novo coronavírus, o evento foi realizado totalmente em ambiente virtual. 

Mais de 500 pessoas participaram do evento, que contou com 44 horas de programação, 10 minicursos e 20 palestras. O workshop reuniu peritos criminais federais e estaduais, pesquisadores, estudantes e demais profissionais atuantes no ramo da ciência isotópica, além de representantes de outros 8 países. 

A Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) apoiou o evento. Para o presidente da entidade, Marcos Camargo, é necessário investir cada vez mais nos instrumentos científicos de combate ao crime. “Está mais do que comprovada a eficiência da ciência para atacar o cerne da criminalidade. E toda iniciativa que venha colaborar com isso, como é o caso dos isótopos forenses, é bem vinda. A APCF não poderia ficar de fora de um projeto inovador como este”, destaca. 

Organizador do evento e palestrante, o perito criminal federal Rodrigo Mayrink destaca que o intuito da Renif é contribuir na aplicação da metodologia isotópica no âmbito das ciências forenses no país. “Nosso objetivo é mostrar e divulgar o quanto essa área pode contribuir para a segurança pública brasileira e, sobretudo, para a resolução de crimes.”

A presidente da Renif, Gabriela Nardoto, que também preside a comissão organizadora do evento, comemora o sucesso do workshop. “Conseguimos reunir expoentes dos isótopos forenses no Brasil e palestrantes internacionais de renome mundial. Com empenho e a colaboração de todos os envolvidos e a participação expressiva de representantes dos setores acadêmico e pericial, órgãos públicos e iniciativa privada, temos a certeza de que este foi mais um importante passo na construção de um valioso arcabouço de conhecimento científico em prol da Justiça e da sociedade”, avalia. 

O evento também marcou o lançamento da edição nº 45 da Revista Perícia Federal, que reúne materiais especiais sobre a nova área de atuação dos peritos criminais: a dos isótopos forenses. Confira a publicação aqui.

Em evento sobre isótopos forenses, Camargo reforça a importância da ciência contra o crime

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O presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), Marcos Camargo, participou nesta 4ª feira (8/7) do 2º Workshop Nacional de Isótopos Forenses, realizado com apoio da entidade. Camargo compôs a mesa da abertura oficial do evento, que acontece até 6ª feira (10/7) de forma totalmente virtual. 

Na ocasião, Marcos Camargo enfatizou a necessidade do avanço científico e destacou a importância da aproximação da academia com a segurança pública. “Devemos defender a ciência como uma ferramenta indissociável, imprescindível e essencial na nossa área de atuação, que é a segurança pública. Essa ciência é cada vez mais necessária para debates em alto nível de segurança pública”, defendeu. 

“Sabemos dos desafios da área, que ainda é muito focada na questão jurídica, mas precisamos continuar batalhando para que tenhamos cada vez mais discussões científicas na segurança pública. É essa ciência que é responsável pela imprescindível resolução de crimes, para a redução da impunidade e, sobretudo, para que tenhamos o julgamento justo do processo criminal por meio da busca da verdade dos fatos”, acrescentou.  

O workshop é o evento científico anual da Rede Nacional de Isótopos Forenses (Renif). Organizador do evento, o perito criminal federal e diretor da Renif, Rodrigo Mayrink, falou sobre a necessidade de fortalecer as ciências forenses isotópicas no Brasil como instrumento de combate ao crime. “O objetivo é aprimorar os métodos de análise isotópicas de vestígios criminais, contribuindo assim para a redução da criminalidade no país”, disse. 

O diretor Técnico-Científico da Polícia Federal, PCF Alan Lopes, chamou atenção para as inovações dentro das ciências forenses. Os peritos criminais federais Luiz Spricigo, atual coordenador de Inovação para Segurança Pública do Ministério da Justiça; João Ambrósio, presidente da Academia Brasileira de Ciências Forenses (ABCF); e Narumi Lima, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Ciências Forenses (SBCF), também participaram da cerimônia de abertura oficial do evento. 

Completaram a mesa a presidente da Renif, Gabriela Nardoto; a diretora-geral do Instituto de Perícias do Rio Grande do Sul, Heloisa Kuser; o diretor do Instituto da Polícia Científica de São Paulo, Maurício Lazzarin; e o diretor-geral da Polícia Científica do Paraná, Luiz Rodrigo Grochocki.

APCF lança nova edição da Revista Perícia Federal

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A Revista Perícia Federal nº 45 já está disponível. A edição reúne materiais especiais sobre a nova área de atuação dos peritos criminais: a dos isótopos forenses. A ferramenta serve para elucidar crimes a partir da razão isotópica dos vestígios materiais, que, em outras palavras, são as características únicas de um material e do ambiente em que ele é originado.

Na seção inédita de artigos científicos incluímos textos sobre o panorama internacional do uso dos isótopos e sobre a relação dessa ferramenta com o DNA e a Justiça. O entrevistado da vez é Luiz Antonio Martinelli, professor titular da USP que é lotado no Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA), parceiro da PF na área de isótopos.

A nova edição apresenta os perfis do novo diretor Técnico-Científico, o perito criminal federal Alan Lopes, e do novo diretor do INC, Raimundo Azevedo.

Adriano Maldaner é o personagem da coluna “Peritos que fazem história”. A genética forense é a protagonista da coluna “Áreas da Perícia”.

Os colegas do Grupo de Perícias em Meio Ambiente do SETEC/SP contribuíram com um artigo sobre danos ambientais.

Adiantamos ainda detalhes dos dois grandes eventos de junho de 2021, em Curitiba: a 3ª InterForensics e o 2º Fórum Nacional Sobre Crimes Econômico-Financeiros. Os dois são organizados pela Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) em conjunto com a Academia Brasileira de Ciências Forenses (ABCF). 

Clique aqui para conferir a nova edição da Revista Perícia Federal.

Edição nº 45: Átomos no rastro do crime

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Clique aqui para baixar a versão em PDF.

Artigo: Manchas de sangue a favor da Justiça

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Por perito criminal federal Antonio Augusto Canelas Neto

O estudo de perfis de manchas de sangue, também conhecido como Bloodstain Pattern Analysis-BPA, há muito tempo vem sendo utilizado na resolução e na reconstrução de crimes. Trata-se de uma técnica com mais de cem anos de história, e que se iniciou de maneira mais científica em 1895 por meio do médico Edward Piotrowsky, da Polônia. Piotrowski tinha como método experimental martelar coelhos ainda vivos na cabeça para, em seguida, documentar o comportamento das manchas de sangue geradas com esta ação.

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Figura 1- Desenhos de Piotrowski para documentar seus experimentos em meados do século XIX (Fonte: [6]).
Em uma época mais contemporânea, o estudo de manchas de sangue se encontra extremamente avançado em termos de tecnologia, pesquisa acadêmica e formação de peritos, quando comparado o passado remoto. Países com reconhecida tradição forense tais como Estados Unidos, Canadá, Holanda, França, Alemanha, Inglaterra, Nova Zelândia e Austrália têm-se destacado neste desenvolvimento ano após ano.

Treinamentos nesta área possuem profissionalização e padronização internacional tanto pela Associação Internacional de Analistas de Manchas de Sangue (International Association of Bloodstain Pattern Analysts- IABPA), criada em 1983, quanto como pelo Scientific Working Group on Bloodstain Pattern Analysis (SWGSTAIN), do FBI, criado em 2002. Este nível de profissionalização e padronização minimiza erros conceituais, nomenclaturas diversas e entendimentos equivocados no uso desta técnica. Assim, para um profissional ser reconhecido pelo sistema judiciário de muitos países, este deve possuir níveis avançados de conhecimento instituídos por estas organizações.

O estudo de manchas de sangue de uma ocorrência criminosa também pode ser feito de maneira indireta, ou seja, por meio do encaminhamento de imagens de outro perito criminal que processou o local. Esta possibilidade aumenta muito a capacidade e a flexibilidade do uso desta técnica, viabilizando-a ainda mais do ponto de vista logístico e econômico, já que além da tempestividade no atendimento, ter um especialista disponível em todos os Institutos é pouco comum.

No Brasil, um país com baixíssimo índice de resolução de casos, e índice de homicídios comparados inclusive a de uma guerra civil, apresentamos até o momento pouco conhecimento e desenvolvimento no tema. Verifica-se em nosso País, na verdade, um grande apelo por métodos sensacionalistas e televisivos, em detrimento a uma política estratégica no trato dos vestígios e dos micro vestígios, que são as verdadeiras provas científicas. Inexiste, obviamente, neste contexto, consciência da aplicação correta do estudo de manchas de sangue, além de sistematização do conhecimento, da divulgação e da padronização nesta área.

Tipos de manchas e perfis de manchas de sangue

O uso da interpretação de perfis de manchas de sangue é baseado em princípios científicos relacionados principalmente ao conhecimento da mecânica dos fluidos, da biologia, da física, da química e da matemática. Pelo formato, tamanho e distribuição das manchas de sangue depositadas em uma superfície, podemos inferir o mecanismo que foi necessário para sua geração que, em conexão com outros elementos da cena de crime, podem levar ao estabelecimento do que realmente ocorreu no local, como ocorreu, quando ocorreu e até quem esteve presente durante esta ocorrência.

Para facilitar a abordagem nesta análise, as manchas de sangue são divididas em uma taxonomia própria aprimorada ao longo de décadas. Todavia, embora teoricamente organizadas, a realidade se mostra muito mais complexa quando estas manchas de sangue agem e se sobrepõem concomitantemente de diversas maneiras e de diversas formas em situações reais. Daí a necessidade de um expert no assunto, como já alertava Hans Graus ainda em 1908 [3]. Quando não trabalhada por verdadeiros especialistas, o estudo de manchas de sangue pode ocasionar alguns “desastres” jurídicos.

O caso do americano David Camm [5] é um exemplo clássico do que pode acontecer com uma opinião não especializada. David ficou preso por 11 anos acusado de executar a tiros toda sua família, mulher e crianças (um menino e uma menina). Tudo começou após declaração de um “expert” de que as manchas de sangue contidas em sua roupa, e com perfil genético de sua filha morta no crime, eram provenientes de impacto por arma de fogo (spatters). Inferiu-se, com esta premissa, que David estaria na cena de crime no momento dos assassinatos, algo que ele sempre negou. Uma análise posterior por verdadeiros analistas, no entanto, verificou que as manchas na roupa de David eram na verdade manchas transferidas e não spatters. David, ao tentar retirar seu filho morto dentro do veículo, acabou por encostar sua camisa em manchas spatters contidas no cabelo de sua filha que estava morta ao lado do menino. Neste processo, estas manchas spatters acabaram sendo transferidas para a camisa de David em um processo de contato.

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Figura 2 – Imagem de uma cena de crime que talvez seja entendida apenas como sangue frente à análise de um leigo. Para um analista, porém, a imagem apresenta diversas informações relacionadas à forma de óbito da vítima, ao tipo de lesão que esta sofreu e até a sua posição antes e após o ataque (Fonte: [1]).
Resolução de casos utilizando a análise de perfis de manchas de sangue

Apresentamos agora alguns breves exemplos de casos examinados pelo autor.

A imagem da Figura 3 é parte de um total de 35 fotografias de um caso de homicídio por facadas. Em crimes assim, usualmente se observa luta e movimentação intensa no ambiente, além de uma razoável quantidade de sangue devido às inúmeras lesões presentes. Ao verificar o caso, porém, o analista separou esta foto dentre tantas outras por um motivo muito pitoresco e não compreendido pelos peritos de local. O perfil mostrado é proveniente de um mecanismo de geração de impacto e que, na visão do analista, não era condizente com o crime apresentado.  Ao questionar este elemento à equipe de local de crime, o analista soube que a vítima, antes de morrer, havia agredido seu algoz com um pedaço de pau maciço, levando-o a se internar em um hospital. Assim, o perfil impactado da figura era na verdade do sangue (entenda-se material genético) do criminoso que foi atingido pela vítima. A simples coleta de sangue deste perfil impactado, portanto, colocaria o suspeito na cena de crime. Note-se que a coleta desta amostra tinha sido totalmente negligenciada pela equipe de processamento.

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Figura 3- Perfil impactado reconhecido entre diversas outras imagens contendo sangue. Em pouco tempo o analista estabeleceu seletividade para coleta de amostras para exame de perfil genético (Fonte: DH-CPCRC).

Em outro caso no interior de um estado do Brasil, o analista foi capaz de instituir a verdadeira dinâmica pela simples análise de manchas de sangue contidas na mão da vítima. Trata-se do efeito denominado backspatter, onde gotas de sangue seguem uma trajetória no sentido contrário a entrada do projétil, atingindo assim armas e mãos do criminoso. Neste caso, porém, tais manchas atingiram a mão da própria vítima que, pela posição, soube-se estar em posição de defesa e não de ataque, como alegava a outra parte. Isso foi detectado em uma análise quase que imediata e ainda frente a diversas outras hipóteses levantadas. Por questões de confidencialidade, deixamos de mostrar a imagem do caso, mas a Figura 4 apresenta outro emprego da análise do efeito backspatter em casos de suicídio, afim de que entendamos o conceito desta interpretação.

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Figura 4- Efeito backspatter na mão de um suicida e reconstrução da posição por meio da interpretação destas manchas de sangue. Percebe-se, também, alteração por sombra no dedo da vítima, ocorrido por conta do guarda mato da arma (fonte: [5]).
Em outro caso, o analista verificou que a morte de um cidadão no meio da rua em um dos subúrbios da cidade só poderia ter sido ocasionada se ele tivesse sido lançado com determinada energia e não simplesmente por uma queda natural, como inicialmente se imaginava na reprodução simulada. A energia cinética das manchas de sangue foi considerada incompatível para a versão sugerida. A possibilidade da vítima ter sido lançada de um veículo foi uma das hipóteses sugeridas pelo analista, e a busca de sangue oculto em veículos de desafetos da vítima era uma possibilidade que sequer havia sido considerada até então.

No centro-oeste do País, uma moça foi agredida por um colega de trabalho em um final de semana. Não houve exame de local, já que a perícia mais próxima ficava a quilômetros de distância. Para piorar, no primeiro dia útil, o local foi alterado pela equipe de limpeza, restando apenas fotografias de um celular. Durante seu depoimento, a mulher mostrou movimentos e ações ao analista que, com isso, foi capaz de verificar que as manchas de sangue contidas em sua roupa e no piso eram compatíveis com estes seus movimentos sequenciais, auxiliando no esclarecimento dos fatos por meio de uma abordagem totalmente científica e, ao mesmo tempo, evitando a contaminação contextual trazida por relatos, opiniões e versões diversas.

Estes breves exemplos mostrados de maneira resumida nos indicam que, além de solucionar casos de maneira tempestiva, o estudo de manchas de sangue nos leva na busca de outros elementos sequer considerados em uma abordagem convencional. Poderíamos aqui discorrer sobre o uso em casos mais complexos, mas por limitação de espaço deixaremos para outra oportunidade. Ressalte-se, porém, que em casos complexos a eficácia desta técnica se torna um considerável diferencial.

Considerações finais

Existem pelo menos duas conferências mundiais exclusivas sobre o estudo de manchas de sangue a cada ano e usualmente ocorrem na América do Norte, na Europa e na Oceania. Estudos acadêmicos para obtenção de mestrado e doutorado em análise de perfis de manchas de sangue também já são uma realidade comum em alguns países destes continentes. É válido sempre lembrar que a maioria possui índices de violência e taxas de homicídios bem inferiores a do Brasil.

Não é exagero dizer que o País está pelo menos 50 anos atrasado no estudo de interpretação de manchas de sangue quando comparado com institutos mais desenvolvidos, embora existam ações embrionárias ocorrendo nos últimos anos. A Polícia Federal, por exemplo, começou a se tornar mais empenhada em mudar este panorama desde 2013, quando, com apoio da Área de Perícia Externas (APEX) do Instituto Nacional de Criminalística (INC), instituiu a disciplina “Perfis de Manchas de Sangue” na Academia Nacional de Polícia para formação dos novos peritos criminais. Este ano de 2017, peritos mais veteranos retornaram para a Academia de Polícia em Brasília/DF para também obter treinamentos no tema. O poder de multiplicação destas ações é enorme dentro da instituição, sendo que casos antes sequer vislumbrados sob o enfoque da interpretação de manchas de sangue começam a surgir sob outra ótica.

Nas perícias estaduais, por outro lado, o interesse pelo tema é mais conhecido e antigo, embora estas instituições careçam de especialistas em nível avançado. Com um interesse mútuo no desenvolvimento do tema, o autor tem tratado pessoalmente com as associações estaduais destes órgãos, seja por meio de consulta em estudos de casos trazidos para análise, seja por meio de parcerias em eventos. A implementação de cursos profissionalizantes nesta área, e com os mesmos padrões internacionais exigidos pela SWGSTAIN, é uma realidade não muito distante.

O recente lançamento do livro “Perfis de Manchas de Sangue- Do local de crime à elaboração do Laudo” é outro passo determinante para esta mudança. Trata-se da primeira obra na língua portuguesa sobre o tema e com os padrões mundiais no assunto. A APCF, além das associações estaduais de peritos criminais do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Pará apoiaram fortemente a obra, oferecendo suporte incondicional à divulgação e à disseminação do livro desde seu lançamento no XXIV Congresso de Criminalística em Florianópolis/SC. Podemos dizer que o Brasil hoje, de maneira inédita na América Latina, possui bibliografia com qualidade, preceitos e padrões internacionais da área.

Conclusão

Sabe-se, há muito tempo, que o desconhecimento do trato de evidências pode pregar peças desagradáveis para quem não está preparado para provar cientificamente o que escreve ou o que diz. E isso serve de alerta para aqueles que partem de premissas baseadas em contextos ou opiniões, mas que não as conseguem provar cientificamente de maneira plena, ou sem um teste de multi-hipóteses contestador. A verdadeira justiça pela ciência sempre estará acima da opinião pública predominante, acima do apelo de efeitos visuais e tecnológicos e acima da pressão da mídia impressa e/ou televisiva. O estudo de manchas de sangue certamente se insere neste contexto à medida que é uma técnica baseada exclusivamente no comportamento científico do fluido de sangue para provar suas hipóteses, sejam estas acusatórias ou não.

Pela rapidez, eficácia e baixo custo na resolução de crimes, institutos forenses mais visionários já perceberam que um bom analista de manchas de sangue também é capaz de auxiliar um caso com maior rapidez e robustez de provas do que métodos tradicionais de investigação sem esta expertise, gerando uma satisfatória economia de recursos e tempo. Por isso, o desenvolvimento desta área tem crescido tanto. Na verdade, apenas os que desconhecem mais profundamente o assunto ainda possuem dúvidas sobre sua eficácia.

Referências bibliográficas

  • Antonio A. Canelas Neto, “Perfis de Manchas de Sangue – Do local de crime à elaboração do laudo”, 1ª.edição, Editorial Lura, 2017.
  • Stuart H. James, Paul E. Kish, T. Paulette Sutton, “Principles of Bloodstain Pattern Analysis- Theory and Practice”, 1th edition, CRC Press, 2005;
  • Herbert Leon Macdonell, “The Literature of Bloodstain Pattern Interpretation- Segment 01: 1901-1910”, Journal of International Bloodstain Analysts-IABPA, Vol. 08, #4, Dec. 1992;
  • Kathrin Yen, Michael J. Thali, Beat P. Kneubuehl, Oliver Peschel, Ulrich Zollinger, Richard Dirnhofer, “Blood Spatter Patterns – Hands Hold Clues for the Forensic Reconstruction of the Sequence of Events”, American Journal of Forensic Medicine and Pathology, Vol. 24, No. 2, June 2003;
  • http://www.law.umich.edu/special/exoneration/Pages/casedetail.aspx?caseid=4291 acessado em 22/10/2017;
  • http://karelatheredhawk.tumblr.com/post/81827166274/fuckyeahforensics-in-1895-dr-eduard-piotrowski acessado em 22/10/2017.

DNA ajuda peritos federais a encontrar suspeito de roubo a bancos no Paraná

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Após análise precisa dos peritos criminais federais, a Polícia Federal prendeu nesta 6ª feira (26/6) um homem suspeito de participar do roubo às agências da Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Itaú, em Pitanga, na região central do Paraná. A prisão aconteceu durante a deflagração da segunda fase da operação Tangram. 

O roubo ocorreu no dia 19 de março de 2018. A partir de coleta e exame de vestígios genéticos, os peritos da PF conseguiram detectar coincidência do DNA encontrado no local do crime com o do suspeito.

O PCF Fernando Comparsi, chefe do Setor Técnico-Científico (Setec) do Paraná, ressalta a importância do trabalho integrado para o sucesso do caso. “Uma importante ação conjunta, que integrou a perícia de local de crime do Estado, a coleta de DNA de suspeitos em diversos locais do Brasil e as análises de genética forense realizadas no Instituto Nacional de Criminalística permitiu a identificação de outros indivíduos responsáveis pelos crimes investigados.”

Operação Tangram

Durante a primeira fase da operação policial, em dezembro de 2019, foram cumpridos dois mandados de prisão e coletados 26 perfis genéticos de investigados, que acabaram por identificar outros quatro indivíduos como participantes em crimes de roubo qualificado contra agências bancárias em quatro cidades do Paraná.

O preso será indiciado pelos crimes de homicídio qualificado, roubo qualificado, dano qualificado, posse e porte de arma de fogo de calibre permitido e porte de arma de calibre restrito, crimes cujas penas podem chegar a 30 anos de prisão.

Com 92% dos votos, associados aprovam mudança no Estatuto Social da APCF

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Os associados da APCF aprovaram nesta 4ª feira (24/6), em Assembleia Geral Extraordinária (AGE), a alteração no Estatuto Social da entidade. Estava em votação a possibilidade de mudança no dispositivo que diz respeito à reeleição da Diretoria Executiva. Dos 578 votantes, 92% concordaram com a modificação.

A AGE, solicitada pela Colégio de Diretores Regionais, ocorreu de 22 a 24 de junho de forma eletrônica pela Área do Associado, no site da APCF.

Até então, o Art. 38 do Estatuto Social da entidade previa que a Diretoria Executiva era eleita para um mandato de 2 anos, sendo permitida uma reeleição para o mesmo cargo.

Com a mudança, fica estabelecido o seguinte texto: “A Diretoria Executiva, órgão deliberativo e executivo da APCF, é integrada por associados eleitos e nomeados pelo Presidente da APCF eleito, na forma prevista neste Estatuto, para um mandato de 2 (dois) anos, permitidas reeleições e renomeações para qualquer cargo”.

DNA Hit Of The Year: perícia federal vence concurso internacional com caso Prosegur

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A perícia criminal da Polícia Federal venceu o prêmio “DNA Hit Of The Year” 2020, um dos mais importantes concursos internacionais para a área de genética forense, que é o uso da genética em investigações criminais.

A premiação é entregue anualmente a um caso emblemático de uso dos bancos de dados de DNA para a resolução e prevenção de crimes. Pela 1ª vez, o reconhecimento foi concedido a uma equipe brasileira.

Por meio do confronto de dados do Banco Nacional de Perfis Genéticos (BNPG), a perícia federal ajudou a identificar e a condenar alguns dos responsáveis pelo assalto à sede da transportadora de valores Prosegur, em Ciudad del Este, em 2017. O crime é apontado como o maior da história do Paraguai e ficou conhecido como o “Roubo do Século”.

Perícia federal em ação

Confrontando material genético recolhido na cena do crime na cidade paraguaia com materiais cadastrados no BNPG, os peritos federais puderam relacionar o assalto à Prosegur a 18 outros crimes ocorridos entre 2013 e 2019 em 7 Estados brasileiros.

Um dos DNAs encontrados na sede da Prosegur deu “match”, como se diz no jargão forense, com o de um homem que participou, em 2016, do assassinato de um agente penitenciário federal, em Cascavel (PR). Depois, em 2017, o mesmo DNA foi encontrado na cena de um assalto a uma agência do Banco do Brasil em Campo Grande (MS).

Esse homem foi preso em dezembro de 2018, suspeito de arrombar e explodir os muros de uma penitenciária estadual na região metropolitana de Curitiba para ajudar na fuga de 29 detentos em setembro daquele ano.

Graças à lei federal 12.037/2009, que permite a coleta do material genético do criminoso mediante autorização judicial, o homem preso teve seu DNA recolhido e inserido no Banco Nacional de Perfis Genéticos.

Os vestígios coletados durante a investigação do caso foram analisados pelos peritos criminais da Área de Perícias de Genética Forense (APGEF) da Polícia Federal. A perita da PF Ana Paula Vieira de Castro representou o Brasil no concurso internacional. Para ela, o reconhecimento ao caso brasileiro reforça a importância do fortalecimento dos bancos de perfis genéticos, um dos projetos estratégicos do Ministério da Justiça e Segurança Pública para o combate à criminalidade. 

“É uma demonstração da eficiência da ferramenta e dos recursos humanos e científicos disponíveis em nosso país. O investimento nesse tipo de proposta ataca o cerne do problema e visa a combater a impunidade com instrumentos e rigor técnico-científicos”, destaca Ana Paula.

Segundo relatório da Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos (RIBPG), atualmente, são mais de 82 mil perfis genéticos armazenados no BNPG.

>>>DNA: Banco Nacional de Perfis Genéticos é classificado para o Prêmio Innovare
>>>Perfil genético: Investigação brasileira é uma das mais emblemáticas do mundo

APCF entrega máscaras ‘face shield’ para peritos federais da linha de frente

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O presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), Marcos Camargo, realizou na 6ª feira (19/6) a entrega de máscaras de proteção face shield para os peritos criminais federais do Setor de Perícias Externas (SEPEX), do Grupo de Bombas e Explosivos (GBE) e do Setor Técnico-Científico do Distrito Federal (SETEC/DF). Os profissionais são responsáveis por realizarem perícias externas e estão mais expostos a contaminação por Covid-19.

“A APCF está especialmente atenta às necessidades dos peritos federais na crise sanitária internacional, atuando no que for possível para apoiar”, destaca Camargo. As máscaras foram doadas à Associação pela rede Hígia, um consórcio nacional que fabrica o equipamento de proteção a partir de doações de materiais e recursos e as encaminha a profissionais da área da saúde e da segurança pública envolvidos no combate ao novo coronavírus.

Além do presidente da APCF, compareceram à entrega das máscaras o representante em Brasília da rede Hígia e da empresa 3DFMaster, Wigney Martins, os diretores da APCF Willy Hauffe e Evandro Lorens, e os representantes das áreas contempladas com as doações. Vale ressaltar que foram respeitados os protocolos de segurança e distanciamento social.

De acordo com Martins, “o momento de pandemia que vivemos requer solidariedade de todos, e aplicar tecnologia para equipar e proteger os profissionais da linha de frente foi a maneira que encontramos para colaborar”.

Nos próximos dias, também serão encaminhadas máscaras face shield aos peritos criminais federais de perícias externas das unidades de criminalística de todo o Brasil.

O diretor Evandro Lorens, articulador da parceria com a rede Hígia, agradece a doação em nome da APCF: “Nosso muito obrigado à rede Hígia pelo pronto apoio ao nosso pedido. É importante também ressaltar a preocupação da APCF com os peritos criminais federais expostos ao novo coronavírus”.

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