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TCU revoga suspensão de contrato da PF após atuação da APCF e da Ditec

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Após atuação da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) e da Diretoria Técnico-Científica (Ditec) da Polícia Federal (PF), a ministra do Tribunal de Contas da União (TCU) Ana Arraes revogou a suspensão do contrato firmado pela Polícia Federal para aquisição de serviço de imagens de satélites com alta resolução e sistemas de alerta. 

Na nova decisão, a ministra do TCU reconhece as necessidades específicas da PF, que podem não ser plenamente fornecidas pelo serviço de imagens de satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Ela ainda cita trechos do posicionamento da APCF: 

“A aquisição de imagens de satélites pela Polícia Federal, cuja gestão está a cargo da Diretoria Técnico-Científica, tem o objetivo de fornecer volume considerável de dados diários e alertas sobre diferentes regiões geográficas e temas de interesse penal tais como: portos, trechos de costa, estradas, barragens, rios, locais de acidente, minerações além de garimpos, poluição, desmatamentos e queimadas ilegais, pistas de pouso clandestinas, projetos de manejo florestal, plantio de plantas proscritas e tráfico internacional de drogas, obras públicas, apoio e atendimento a desastres em massa e busca de ocultações. Tais ações não se confundem com os objetivos específicos do Inpe e, justamente por isso, demandam ferramentas com capacidades específicas, das quais o Inpe não dispõe.”

“A aquisição do sistema em questão, portanto, é essencial para que a Polícia Federal possa executar sua missão institucional de combater a criminalidade, produzindo, notadamente por meio da sua Diretoria Técnico-Científica, conteúdo probatório científico de vanguarda, auxiliando o julgamento justo e efetivo do processo penal.”

Suspensão

No ato de suspensão do contrato, Ana Arraes afirmou que a aquisição do serviço pela PF “não agregaria vantagem alguma que já não fosse oferecida pelo monitoramento desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, ou mesmo gratuitamente por outras entidades, podendo, eventualmente, configurar prejuízo ao erário federal”.

A APCF argumentou que a atuação da Polícia Federal, em especial dos peritos criminais federais, por envolver atividades de investigação e produção de prova, é diferente da exercida pelo Inpe. “Por esse motivo, possui necessidades e finalidades igualmente distintas, que não são atendidas pelo Instituto”, destacou o presidente Marcos Camargo na nota pública. 

Para o presidente da APCF, a nova decisão do TCU reforça a importância do trabalho científico para a apuração de crimes. “De posse de informações corretas, a ministra Ana Arraes tomou a decisão certa. Isso mostra que o TCU é técnico e imparcial”, diz Camargo. 

“É reconhecida a competência e a expertise do Inpe, motivo pelo qual se faz necessário investimentos contínuos no Instituto. Contudo, as especificidades necessárias à esfera penal, em especial à execução de projetos científicos para segurança pública e a produção de provas periciais, são essenciais à atuação preventiva e de elucidação de crimes, cujos vestígios são muitas vezes voláteis, sendo destruídos e/ou perdidos em curto espaço de tempo de maneira a inviabilizar a determinação de materialidade e autoria”, destaca.

Confira a íntegra da decisão aqui.

Leia mais: NOTA: APCF se manifesta contra suspensão de contrato de imagens de satélites

MP aceita pedido da APCF contra contratação de peritos criminais temporários no MS

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O Ministério Público do Mato Grosso do Sul manifestou-se a favor da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) e da Associação Brasileira de Criminalística (ABC) na ação que pede a anulação do edital para contratação de peritos criminais temporários no Estado. 

Na ação conjunta contra a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública e a Secretaria de Estado de Administração e Desburocratização, a APCF e ABC argumentaram que a função de perito oficial, como cargo típico do Estado, requer formação específica, aprovação por concurso público e cursos de formação, além de estar sujeito aos critérios de imparcialidade e independência.

O parecer do procurador Sérgio Luiz Morelli, já enviado à justiça, reforça os argumentos das entidades. Ele alega não haver dúvida de que o cargo de perito criminal é considerado de natureza técnico-científica, “haja vista que a função exige, no desempenho de suas atribuições, a aplicação de conhecimentos especializados”. 

“Logo, tendo em vista que o cargo de Perito Criminal é de natureza ordinária e permanente do Estado (art. 1º1 da Lei Complementar Estadual nº 114/2005), resta impossibilitada a contratação desse profissional por prazo determinado, motivo pelo qual entendemos ser nulo o Edital nº 1/2020 SAD/SEJUSP/CGP-PCRIM”, finaliza o procurador.

Deputados analisam PEC de modernização da PF

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Em busca de novos apoios para a PEC de modernização da Polícia Federal, a APCF se reuniu na última semana com o deputado Diego Andrade (PSD-MG) e com a deputada Marina Santos (SD-PI). O texto elaborado pela Associação visa fortalecer a PF e garantir autonomia interna à perícia criminal federal.

Os parlamentares demonstraram interesse na iniciativa e garantiram que vão analisá-la. Por se tratar de uma PEC, a proposta precisa de 171 assinaturas para tramitar no Congresso Nacional. 

Nos últimos meses, a APCF tem empenhado esforços na busca de apoio para a matéria. Já se comprometeram a avaliar o texto os deputados:

  • Mario Heringer (PDT-MG)
  • Antonio Brito (PSD-BA)
  • Liziane Bayer (PSB-RS)
  • Marcel Van Hattem (Novo-RS)
  • Carlos Chiodini (MDB-SC)
  • Dr. Frederico (Patriota-MG)
  • Lucas Redecker (PSDB-RS)
  • Wolney Queiroz (PDT-PE)
  • Perpétua Almeida (PCdoB-AC)
  • Franco Cartafina (PP – MG)
  • Sâmia Bonfim (Psol-SP)
  • Baleia da Rossi (MDB-SP)
  • Margarete Coelho (PP-PI)
  • Lafayette Andrada (Republicanos-MG)
  • Pedro Lucas Fernandes (PTB-MA)
  • Jandira Feghali (PCdoB-RJ)
  • Leandre (PV-PR)
  • Felipe Carreras (PSB-PE)
  • Professor Israel (PV-DF)
  • Enio Verri (PT-PR)
  • Júlio César (PSD-PI)
  • Luis Tibé (Avante-MG)
  • Gutemberg Reis (MDB-RJ)
  • Alessandro Molon (PSB-RJ)
  • Arthur Maia (DEM-BA)
  • Kim Kataguiri (DEM-SP)
  • Junio Amaral (PSL-MG)
  • Leonardo Monteiro (PT-MG)
  • Lincoln Portela (PL-MG)
  • Tábata Amaral (PDT-SP)
  • Alex Santana (PDT-BA)
  • Cezinha de Madureira (PSD-SP)
  • Augusto Coutinho (Solidariedade-PE)
  • Adriana Ventura (Novo-SP)

Leia mais: 

>>> Deputados do PDT, PSB, PSD, Novo, MDB e Patriota recebem PEC de modernização da PF

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NOTA: APCF se manifesta contra suspensão de contrato de imagens de satélites

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“A Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) manifesta preocupação com eventuais prejuízos às diversas ações da segurança pública que possam ser causados pela suspensão cautelar do contrato MJSP 18/2020 determinada pela ministra Ana Arraes, do Tribunal de Contas da União. O contrato é referente à aquisição de serviço de imagens de satélites com alta resolução e sistemas de alerta para a Polícia Federal.

É reconhecida a competência e a expertise do INPE, decorrente, entre outras ações, do imprescindível serviço prestado de monitoramento e estatísticas ambientais, motivo pelo qual se faz necessário investimentos contínuos no Instituto. A atuação da Polícia Federal, por envolver atividades de investigação e produção de prova, no entanto, é diferente da exercida pelo INPE. Por esse motivo, possui necessidades e finalidades igualmente distintas, que não são atendidas pelo Instituto.

A aquisição de imagens de satélites pela Polícia Federal, cuja gestão está a cargo da Diretoria Técnico-Científica, tem o objetivo de fornecer volume considerável de dados diários e alertas sobre diferentes regiões geográficas e temas de interesse penal tais como: portos, trechos de costa, estradas, barragens, rios, locais de acidente, minerações além de garimpos, poluição, desmatamentos e queimadas ilegais, pistas de pouso clandestinas, projetos de manejo florestal, plantio de plantas proscritas e tráfico internacional de drogas, obras públicas, apoio e atendimento a desastres em massa e busca de ocultações. Tais ações não se confundem com os objetivos específicos do INPE e, justamente por isso, demandam ferramentas com capacidades específicas, das quais o INPE não dispõe.

Dentre as especificidades necessárias à esfera penal, em especial à execução de projetos científicos para segurança pública e a produção de provas periciais, que diferenciam o sistema adquirido pela Polícia Federal do oferecido pelo INPE, estão a maior resolução das imagens, a maior frequência de escaneamento das áreas e o sistema de alertas diários. Tais características são essenciais à atuação preventiva e de elucidação de crimes, cujos vestígios são muitas vezes voláteis, sendo destruídos e/ou perdidos em curto espaço de tempo de maneira a inviabilizar a determinação de materialidade e autoria.

A aquisição do sistema em questão, portanto, é essencial para que a Polícia Federal possa executar sua missão institucional de combater a criminalidade, produzindo, notadamente por meio da sua Diretoria Técnico-Científica, conteúdo probatório científico de vanguarda, auxiliando o julgamento justo e efetivo do processo penal.

Por fim, é importante ressaltar que a aquisição do sistema ainda prevê a possibilidade de acesso por diversos outros órgãos da administração federal, desde que manifestem interesse para tanto e mediante assinatura de termo de adesão, o que pode refletir em grande economia para os cofres públicos. Também possibilita o melhor planejamento operacional e valoriza a integração entre os Estados, corporações policiais e instituições, assim como permite o desenvolvimento de novos projetos, apoio a Universidades, ações regionais, mapeamentos temáticos, estudos de geomorfologia, geologia, hidrogeologia entre outras ações, em escala de detalhe.”

Marcos Camargo, presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF)

Perito federal assume área de pesquisa e estratégia de segurança pública do Ceará

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O perito criminal federal José Helano Matos Nogueira assumiu a Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp), pasta vinculada à Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) do Estado do Ceará.

À frente da Supesp, Helano ficará responsável pela realização de estudos para subsidiar a elaboração, acompanhamento e avaliação das políticas públicas de prevenção à violência, além de contribuir na formulação de estratégias para a segurança pública do Estado.

“É um cargo de extrema importância e quero usar toda minha experiência em prol desta área. No meu pós-doutorado, criei um modelo de enfrentamento da crise de segurança pública no Brasil e pretendo adaptar para a realidade do Ceará. Entre os meus objetivos estão implementar bancos de dados, realizar estudos e desenvolver estratégias de combate ao crime, de forma que possamos assessorar a SSPDS e reduzir a criminalidade em todo o Estado”, destaca o novo superintendente.

Perito criminal da Polícia Federal há mais de 20 anos, Helano possui pós-doutorado pela King’s College de Londres e doutorado pela Universidade de Liverpool, ambas na Inglaterra. Tem ainda mestrado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e especialização em Gestão de Segurança Pública pela Academia Nacional de Polícia (ANP/PF), além de ser bacharel em Ciência da Computação e licenciado pleno em Educação pela Universidade Estadual do Ceará (Uece).

O PCF já atuou como diretor de Polícia Forense, na Interpol, e gerenciou mais 190 países membros da entidade. Também chefiou o Setor Técnico-Científico (Setec) da Polícia Federal no Ceará.

APCF pede ao MJ convocação de excedentes do concurso da PF

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Em reunião com o secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Tercio Issami Tokano, o presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), Marcos Camargo, cobrou a convocação dos 15 candidatos excedentes aprovados no último concurso da PF para o cargo de perito criminal federal.

Após a explanação da APCF, o secretário prometeu apoio ao pleito e garantiu que atuará pela convocação dos candidatos. O encontro aconteceu nesta 4ª feira (16/9) e contou ainda com a participação das representantes da comissão de excedentes do certame de 2018, Mariana Mota Ferraz de Oliveira e Rebecca Rodrigues Dantas.

Durante a conversa, Camargo lembrou que o cargo foi o único sem aproveitamento total dos aprovados. “Nós temos 15 aprovados altamente qualificados que poderão contribuir com a perícia criminal federal e a Polícia Federal no combate à criminalidade.”

“Há orçamento e códigos de vaga para a convocação desses candidatos excedentes. A própria PF já manifestou apoio formal para a convocação”, disse o presidente da APCF a Tokano.

Leia mais: APCF vai apresentar projeto de lei para combater lavagem de dinheiro com ouro

Artigo | Isótopos, DNA e Justiça: reflexões do passado, presente e futuro

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Por peritos criminais federais Jorge Marcelo de Freitas, Meiga Aurea Mendes Menezes , Rodrigo Ribeiro Mayrink e Luiz Spricigo Jr.

Partes de um corpo, sem a cabeça e sem resultados positivos para identificação papiloscópica, são encontradas em Dublin, Irlanda, no ano de 2005. Descobre-se que provavelmente a pessoa assassinada era originária do nordeste da África e que havia migrado para a Irlanda em torno de 6 anos antes de sua morte. Essas informações facilitam a posterior identificação da vítima e a subsequente prisão dos assassinos. Anos mais tarde, do outro lado do globo, no sudeste asiático, grandes carregamentos de marfim são apreendidos por autoridades policiais e aduaneiras. Cientistas forenses passam então a trabalhar para rastrear a origem do material, auxiliando, assim, na desarticulação de poderosas máfias internacionais de tráfico de animais.  

Em 2012, na cidade de Leicester, Inglaterra, ossadas encontradas em escavações em um estacionamento são atribuídas a Ricardo III, um dos mais famosos e controversos reis da Inglaterra. Seus ossos servem também para arqueólogos forenses descobrirem que sua alimentação, marcada por alto teor de proteína animal (algo raro na época de seu reinado, no final do século XV), era digna de uma “dieta da alta nobreza”. Enquanto isso, organismos internacionais como a FAO (Organização para Alimentação e Agricultura das Nações Unidas) e a Agência Internacional de Energia Atômica monitoram rotas migratórias de aves silvestres, em escala global, para controlar a disseminação de cepas do vírus da Influenza Aviária altamente patogênicas ao ser humano, prevenindo, assim, pandemias graves como as da Covid-19. E mais recentemente, no Brasil, pesquisadores da UFAM, INPA, UnB e USP, em parceria com peritos da Polícia Federal, estudam a distribuição territorial de árvores amazônicas buscando rastrear a origem de madeira ilegal apreendida e ajudando, com isso, a coibir o desmatamento clandestino. 

Todos esses casos, aparentemente desconexos entre si, são marcados pela multidisciplinaridade de técnicas forenses. Especificamente, todos eles foram ou estão sendo resolvidos com a conjugação das análises de dois marcadores naturais dos seres vivos: um químico – os isótopos estáveis – e um genético – o DNA; duas abordagens que, como se pretende demonstrar, são complementares e sinérgicas. 

O primeiro relato de uma identificação forense através da genética data do ano de 1985 e, desde então, ela vem cada vez mais se estabelecendo como uma importante disciplina forense. Trinta e cinco anos depois, constata-se, no entanto, que esse não foi um caminho fácil: talvez nenhuma outra técnica tenha passado por um escrutínio tão intenso pela Justiça como o DNA. Isso, porém, a consolidou como um dos mais robustos meios de prova da criminalística. Hoje a genética forense conta com o reconhecimento da comunidade científica e ampla aceitação em tribunais em mais de 80 países, incluindo alguns cujos sistemas judiciários possuem o mais alto nível de exigência quanto aos critérios de admissibilidade de evidências (EUA, Alemanha e Reino Unido, entre outros).  De fato, a evidência genética – prova baseada no exame de DNA forense – vem sendo utilizada em diversos casos de repercussão, inclusive na International Court of Justice, comumente conhecida como Corte Internacional de Haia; por exemplo, no julgamento de aplicação da Convenção e Punição do Crime de Genocídio, perpetrado pela Croácia contra a Sérvia, e também no julgamento de pesca ilegal de baleias na Antártica (Austrália vs. Japão). 

A consolidação da evidência genética como uma prova técnica robusta em tribunais, e sua consequente disseminação como ferramenta pericial, tem como pilar o forte embasamento científico do método, acumulado em décadas de pesquisas em outras aplicações além da forense. Este foi o grande diferencial em relação a algumas outras metodologias da criminalística na análise crítica feita pelo famoso relatório da Academia Americana de Ciências em 2009, que chamou a atenção do setor forense dos EUA e do mundo a respeito da necessidade de rigor científico para a geração e interpretação da prova pericial. Encomendado pelo Senado americano e conduzido por dezenas de profissionais entre pesquisadores, juízes, peritos, promotores e policiais, o estudo ressaltou a importância da validação das metodologias bem como a apresentação do grau de incerteza das conclusões periciais. Nesse relatório, as perícias baseadas em evidência genética foram atestadas como “padrão ouro” no que tange à segurança científica para admissibilidade jurídica. De fato, as recomendações desse estudo ultrapassaram as fronteiras dos EUA e vem influenciando significativamente os institutos forenses de vários países, incluindo o Brasil. 

A técnica de isotopia, por sua vez, começou a ser utilizada com mais intensidade para fins forenses em meados da virada do século XX para XXI. Pesquisadores americanos, em um artigo de revisão publicado no periódico jurídico da Universidade de Utah, citam vários casos em que sistemas judiciais embasaram decisões em resultados de perícias isotópicas, tais como: os homens-bomba Richard Reid (que em 2001 tentou detonar uma bomba no voo 63 da American Airlines de Paris para Miami) e Saajid Badat (que planejou outro atendado em um avião em 2003); o banimento por dois anos do ciclista Floyd Landis, por ter utilizado testosterona sintética para competir no Tour de France em 2006; e os atentados com anthrax (esporos da bactéria Bacillus anthracis) enviados pelos correios a autoridades americanas após o 11 de setembro (Caso Amerithrax). 

Nesse estudo, os isótopos são comparados ao DNA para fins de adequação aos critérios de admissibilidade de evidências criminais da corte americana. As duas abordagens possuem similaridades e diferenças: ambas as técnicas são usadas nas aplicações forenses para tentar responder se uma amostra questionada e uma amostra de referência (o que, em ambos os casos, pode também consistir em bancos de dados) possuem a mesma origem, ou seja: convergem entre si. Os autores discutem que se por um lado as probabilidades de valoração da evidência são maiores na genética, os isótopos forenses podem ser usados em um número maior de vestígios, incluindo aqueles não biológicos (que, portanto, não contém DNA). A principal conclusão do trabalho é que, assim como na análise de identificação por DNA, a ciência é a base da construção das evidências isotópicas, fornecendo um sólido ponto de partida para seu uso em Cortes de Justiça.  

DNA e isótopos são dois marcadores naturais fascinantes, e seu entendimento pela ciência desvenda fenômenos que há séculos intrigam o ser humano. Para fins forenses, na maioria dos casos eles assumem papéis complementares: em linhas gerais, enquanto o DNA aponta “quem é”, os isótopos dizem “de onde veio”. No exemplo do corpo mutilado em Dublin, a análise de isótopos estáveis em amostras do fêmur atribuiu a provável origem geográfica da vítima ao nordeste da África, ao mesmo tempo em que estimou a data da sua migração para a Irlanda para algo em torno de 6 anos antes da morte. De acordo com o oficial de investigação, os resultados da análise isotópica forense forneceram a justificativa necessária para realizar o teste de DNA de uma criança que se acreditava ser filha da vítima, e o resultado foi positivo. O falecido, que namorava a mãe de seus (até então) supostos assassinos, era um homem de 39 anos, originário do Quênia, que emigrou para a Irlanda em 1998 fugindo da guerra civil que assolava aquele país; ou seja, sete anos antes de sua morte. Uma vez que a identidade da vítima foi estabelecida, chegou-se às duas assassinas, apelidada de “Scissor Sisters”, que foram condenadas à prisão perpétua pelo crime. 

A publicação de mais de 1.000 artigos científicos sobre isótopos forenses em periódicos internacionais nos últimos 20 anos, gerando mais de 20.000 citações (2.600 apenas em 2019), demonstra que, assim como ocorreu com o DNA, os isótopos trilham uma vigorosa rota ascendente para se consolidar como ferramenta pericial de primeira grandeza. Treze países do mundo desenvolvido já incorporaram a tecnologia isotópica em seus institutos forenses; um seleto grupo ao qual o Brasil passa agora a pertencer, com a criação do Laboratório Nacional de Isótopos Forenses – LANIF – no Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal. 

A experiência pregressa que a comunidade pericial brasileira – e a Polícia Federal, em particular – possuem com todos os desafios (enfrentados e superados) da implementação da técnica de DNA serão de grande valia para a guiar a condução dos isótopos forenses, sua “técnica-irmã”. No horizonte, acendem as luzes da necessidade de geração e integração de bancos de dados e da implementação de sistemas de qualidade. 

O ano de 2020 representa um marco na história da ciência isotópica forense no Brasil. A partir de agora – e, pelos rumos que hoje se delineiam, cada vez mais intensamente nos próximos anos – a Justiça brasileira terá mais uma importante ferramenta pericial para elucidação de crimes. O fortalecimento da prova material com a utilização de isótopos forenses, juntamente com o DNA e as demais técnicas já consagradas da criminalística, irá aumentar a capacidade da perícia criminal em indicar autoria e materialidade, bem como evitar condenações equivocadas, contribuindo assim para a redução da impunidade e para maior segurança e eficácia do sistema de justiça criminal. 

Referências citadas: 

  • BALLOU, S. M. The NAS Report: Ten Years of Response. Journal of Forensic Sciences, 64, n. 1, p. 6-9, 2019. 
  • EHLERINGER, J. & MATHESON, S. Stable isotopes and courts. Utah Law Review. p. 385-442, 2010. 
  • FAO; IAEA. Use of Stable Isotopes to Trace Bird Migrations and Molecular Nuclear Techniques to Investigate the Epidemiology and Ecology of the Highly Pathogenic Avian Influenza. Disponível em: http://www-naweb.iaea.org/nafa/aph/crp/aph-stable-isotopes.html, acessado em 09/06/2020. 
  • INTERNATIONAL COURT OF JUSTICE. Application of the Convention on the Prevention and Punishment of the Crime of Genocide (Croatia v. Serbia) Public sitting held on Friday 28 March 2014, at 3 p.m., at the Peace Palace, President Tomka presiding. Disponível em: http://www.icj-cij.org/files/case-related/118/118-20140328-ORA-02-00-BI.pdf, acessado em 28/05/2020. 
  • INTERPOL. DNA can play a crucial role in convicting – or clearing – suspects of a crime, and can also be used to identify missing persons. Disponível em http://www.interpol.int/How-we-work/Forensics/DNA, acessado em 28/05/2020. 
  • ZHAO, K.; ISHIDA, Y.; GREEN, C. E.; DAVIDSON, A. G. et al. Loxodonta Localizer: A Software Tool for Inferring the Provenance of African Elephants and Their Ivory Using Mitochondrial DNA. The Journal of heredity, 110, n. 7, p. 761-768, 2019. 
  • LAMB, A. L.; EVANS, J. E.; BUCKLEY, R.; APPLEBY, J. Multi- isotope analysis demonstrates significant lifestyle changes in King Richard III. Journal of Archaeological Science, 50, n. C, p. 559-565, 2014. 
  • MANGEL, MARC. An Assessment of Japanese Whale Research Programs Under Special Permit in the Antarctic (JARPA, JARPA II) as Programs for Purposes of Scientific Research in the Context of Conservation and Management of Whales. Disponível em: http://www.icj-cij.org/files/case-related/148/17404.pdf, acessado em 28/05/2020. 
  • MEIER-AUGENSTEIN, W.; FRASER, I. Forensic isotope analysis leads to identification of a mutilated murder victim. Science & Justice, 48, n. 3, p. 153-159, 2008. 
  • NATIONAL ACADEMY OF SCIENCES. Strengthening Forensic Science in the United States:?A Path Forward. Washington, D.C.: National Academies Press, 352 p. 2009.  
  • TURI, E. K.; GLORIA GONZALEZ, F.; PATRICIA, B.; MARK, G. T. et al. Identification of the remains of King Richard III. Nature Communications, 5, n. 1, 2014. 
  • U.S. DEPARTMENT OF JUSTICE – OFFICE OF JUSTICE PROGRAMS. The Future of Forensic DNA Testing: Predictions of the Research and Development Working Group, 2000. 
  • ZIEGLER, S.; MERKER, S.; STREIT, B.; BONER, M. et al. Towards understanding isotope variability in elephant ivory to establish isotopic profiling and source-area determination. Biological Conservation, 197, p. 154-163, 2016. 

Perito federal conquista marca histórica em programa da Globo e segue na competição

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O perito criminal federal Ismael Menezes segue na competição do “Quem Quer Ser Um Milionário?”, quadro do programa Caldeirão do Huck, da TV Globo. No último sábado (5/9), ele participou da primeira fase e chegou a oitava pergunta sem pedir ajuda, garantindo R$ 20 mil.

O acontecimento, inclusive, chamou a atenção do apresentador Luciano Huck. É a primeira vez que um participante do game show fica próximo da pergunta de R$ 1 milhão sem solicitar nenhum auxílio. “Estamos na sexta temporada do quadro e isso nunca aconteceu”, disse Huck. 

Formado em Engenharia da Computação, Engenharia Elétrica e Direito, Ismael é policial federal há 17 anos e atualmente chefia o Setor de Tecnologia da Informação da PF em São Paulo. Ele e a noiva, Mariana Verratti, vão se casar e decidiram se inscrever no programa para realizarem a tão sonhada cerimônia de casamento. 

O PCF continua sua participação no programa deste sábado (12/9), a partir das 15h50.

http://www.instagram.com/p/CExKSv3F-MW/?utm_source=ig_web_copy_link

Leia mais: Perito federal e noiva participam do ‘Quem Quer Ser Um Milionário’, da TV Globo

Deputados do PDT, PSB, PSD, Novo, MDB e Patriota recebem PEC de modernização da PF

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Novos parlamentares se comprometeram a analisar a proposta de modernização da Polícia Federal elaborada pela APCF. Em reunião com os deputados federais Mario Heringer (PDT-MG), Antonio Brito (PSD-BA), Liziane Bayer (PSB-RS), Marcel Van Hattem (Novo-RS), Carlos Chiodini (MDB-SC) e Dr. Frederico (Patriota-MG), o presidente Marcos Camargo apresentou o texto e pediu apoio à matéria. Os encontros aconteceram de 3ª (8/9) a 6ª feira (11/9), de forma virtual.

O presidente da APCF explicou que o projeto visa fortalecer a PF e traz novas garantias constitucionais ao órgão para que exerça com plenitude suas funções de polícia judiciária. “Além disso, reveste a atividade de perícia criminal de estrutura interna condizente com diretrizes internacionais, a fim de que se possa ser exercida nos padrões científicos e com todas as garantias necessárias de isenção e imparcialidade”, disse Camargo.

Por se tratar de uma PEC, a proposta depende da assinatura de, no mínimo, 171 parlamentares para começar a tramitar no Congresso Nacional. Confira abaixo os deputados que Marcos Camargo também já apresentou o projeto:

  • Lucas Redecker (PSDB-RS)
  • Wolney Queiroz (PDT-PE)
  • Perpétua Almeida (PCdoB-AC)
  • Franco Cartafina (PP – MG)
  • Sâmia Bonfim (Psol-SP)
  • Baleia da Rossi (MDB-SP)
  • Margarete Coelho (PP-PI)
  • Lafayette Andrada (Republicanos-MG)
  • Pedro Lucas Fernandes (PTB-MA)
  • Jandira Feghali (PCdoB-RJ)
  • Leandre (PV-PR)
  • Felipe Carreras (PSB-PE)
  • Professor Israel (PV-DF)
  • Enio Verri (PT-PR)
  • Júlio César (PSD-PI)
  • Luis Tibé (Avante-MG)
  • Gutemberg Reis (MDB-RJ)
  • Alessandro Molon (PSB-RJ)
  • Arthur Maia (DEM-BA)
  • Kim Kataguiri (DEM-SP)
  • Junio Amaral (PSL-MG)
  • Leonardo Monteiro (PT-MG)
  • Lincoln Portela (PL-MG)
  • Tábata Amaral (PDT-SP)
  • Alex Santana (PDT-BA)
  • Cezinha de Madureira (PSD-SP)
  • Augusto Coutinho (Solidariedade-PE)
  • Adriana Ventura (Novo-SP)

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Artigo científico de perito federal é capa de importante revista internacional

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O artigo científico do perito criminal federal Alexandro Mangueira Lima de Assis, do Setor Técnico Científico de Alagoas (Setec/AL), é capa da última edição da revista internacional “Journal of Applied Polymer Science”, periódico sobre ciência dos polímeros mais importante do mundo. 

Intitulado “Fluorescent polymer nanofibers based on polycaprolactone and dansyl derivatives for development of latentfingerprints”, o artigo trata da eletrofiação rápida de nanofibras de polímeros fluorescentes aplicadas na revelação de impressões digitais em munições. 

Alex Mangueira divide a assinatura da publicação com outros cinco pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal): Edu Grieco Mazzini Júnior, Juliana Donato de Almeida Cantalice, Johnnatan Duarte de Freitas, Ligia Maria Manzine Costa e Adriana Santos Ribeiro.

O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Polímeros Condutores da Ufal, onde são pesquisadas estratégias e materiais inovadores com aplicação em ciências forenses, sob a coordenação da Profa. Dra. Adriana Ribeiro. A atuação do pesquisadores no laboratório já rendeu a publicação de seis artigos científicos e uma patente.

Clique aqui para conferir o artigo. 

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