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Nota de pesar: PCF Leandro Augusto de Paula Calzavara

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A Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) recebe com profundo pesar a notícia do falecimento do perito criminal federal Leandro Augusto de Paula Calzavara, aos 47 anos. Ele morreu nesta sexta-feira (19/6), em Brasília.

Formado em Química, Calzavara ingressou na Polícia Federal em 2007. Atuou no Setor de Perícias de Laboratório (SEPLAB), no Instituto Nacional de Criminalística, e na Divisão de Pesquisa, Padrões e Dados Criminalisticos (DPCRIM) da Diretoria Tecnico-Cientifica.

Ficam as boas lembranças e o reconhecimento pelo grande profissional. A APCF presta solidariedade aos familiares e amigos de Calzavara, desejando-lhes força neste momento de intensa dor.

Governo atende UPB e assina parecer vinculante para aposentadoria policial

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Após firme atuação da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) e demais entidades de classe representativas da segurança pública, o governo federal assinou nesta 4ª feira (17/6) o parecer vinculante da Advocacia-Geral da União (AGU) relativo à paridade e à integralidade da aposentadoria policial. 

O documento faz parte do acordo realizado pelo governo federal e por parlamentares durante o processo de votação da reforma da Previdência no Congresso Nacional. Ele garante o reconhecimento do direito à paridade e à integralidade aos policiais civis da União que já estivessem atuando até a data da promulgação da Emenda Constitucional 103/2019 e que não tenham aderido ao regime de previdência complementar.

O presidente da APCF, Marcos Camargo, destaca a importância do trabalho da União dos Policiais do Brasil (UPB) pela edição do parecer vinculante. “Após diversas reuniões e uma atuação firme das entidades, conseguimos finalmente a assinatura do documento. Com isso, esperamos a tão almejada segurança jurídica aos profissionais de segurança pública quanto a essa questão”, afirma.

A UPB aguarda a publicação do parecer vinculante para fazer a análise jurídica da decisão e confirmar a extensão de seus efeitos.

APCF em ação: Camargo leva reivindicações ao diretor-geral da PF

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O presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), Marcos Camargo, reuniu-se nesta 2ª feira (15/6) com o diretor-geral da Polícia Federal, Rolando Alexandre. Camargo manifestou preocupação com os retrocessos sofridos pela perícia criminal, como o rebaixamento das unidades regionais de criminalística na estrutura organizacional da PF.

Camargo afirmou que a estrutura da criminalística federal está aquém da importância e da imprescindibilidade da atividade para a persecução penal, sobretudo nas unidades regionais da PF. Ele cobrou do diretor-geral providências com relação à precarização dos Setores Técnico-Científicos (Setec’s) das Superintendências Regionais.

“A despeito de serem a estrutura com o maior número de servidores de nível superior, os Setec’s vêm sofrendo constantes rebaixamentos organizacionais, prejudicando avanços importantes na produção das provas materiais e no fortalecimento da atuação técnica da Polícia Federal”, disse o presidente da APCF ao diretor-geral. 

O presidente da APCF também cobrou soluções para os constantes ataques às atribuições dos peritos criminais na instituição e pediu maior participação da Diretoria Técnico-Científica em tomadas de decisões que envolvem perícia criminal e o órgão. “O sentimento é que a criminalística está sendo colocada em segundo plano”, disse Camargo.

O diretor da APCF Willy Hauffe e a diretora de Gestão de Pessoal da PF, Cecília Franco, também participaram do encontro. Na conversa, ainda foi abordada a convocação dos excedentes do último concurso, tendo em vista que o cargo foi o único que não teve aproveitamento total dos aprovados. Segundo Marcos Camargo, o diretor-geral e a diretora de pessoal ouviram atentamente as reivindicações e garantiram que avaliarão as demandas.

DNA: Banco Nacional de Perfis Genéticos é classificado para o Prêmio Innovare

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O Banco Nacional de Perfis Genéticos (BNPG), coordenado pela perícia criminal da Polícia Federal, foi selecionado para concorrer à 17ª edição do Prêmio Innovare. A iniciativa existe desde 2004 e tem como objetivo identificar, divulgar e difundir práticas que contribuam para o aprimoramento da Justiça no Brasil.

“Em abril, por sugestão da Diretoria Técnico-Científica da PF, decidimos inscrever o banco no prêmio, já que é um importante instrumento de promoção da Justiça. Com esse trabalho pericial, conseguimos evitar que indivíduos sejam condenados de forma equivocada e que culpados fiquem impunes, além de interligar um determinado caso com outras investigações das demais esferas policiais”, destaca o perito criminal federal Ronaldo Junior, que é administrador do BNPG.

Após as fases de inscrição e seleção, a próxima etapa é a entrevista com os consultores do Prêmio Innovare que, por conta da pandemia, será feita de forma virtual. Neste estágio é necessário apresentar pessoas que possam compartilhar as experiências positivas que tiveram com o banco e enviar vídeos e fotos que mostrem trabalhos promovidos e/ou auxiliados pela iniciativa.

Atualmente, o Brasil tem mais 82 mil perfis genéticos cadastrados. São informações não apenas de condenados, mas também colhidas em locais de crimes, restos mortais não identificados e que podem auxiliar no reconhecimento de pessoas desaparecidas.

“No Brasil, os bancos de DNA já ajudaram as polícias científicas a solucionar centenas de casos que estavam pendentes, demonstrando a eficiência da ferramenta e dos recursos humanos e científicos disponíveis em nosso país. Portanto, o investimento nesse tipo de proposta ataca o cerne do problema e visa a combater a impunidade com instrumentos científicos racionais”, afirma o presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), Marcos Camargo.

Ministério passa a divulgar estatísticas sobre perfis genéticos

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O Ministério da Justiça e Segurança Pública passará a disponibilizar informações estatísticas sobre os dados reunidos no Banco Nacional de Perfis Genéticos. Para isso, uma nova área foi criada no portal do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp) e disponibilizada para acesso público.
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A iniciativa visa a dar mais transparência ao conjunto de informações genéticas de pessoas condenadas por crimes hediondos, dolosos (quando há intenção de matar) ou violentos que secretarias de Segurança Pública dos estados e do Distrito Federal incluírem na Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos. A rede foi constituída em 2013, com o propósito de auxiliar na apuração de crimes, instrução processual e identificação de pessoas desaparecidas.

Segundo o ministério, os dados serão atualizados mensalmente. A ferramenta não fornece informações que permitam a identificação de pessoas cadastradas criminalmente. Além do total de perfis genéticos já cadastrados em todo o país e das situações que motivaram o cadastro, é possível verificar os resultados de cada unidade da Federação.

Até maio, o banco já reunia 82.138 amostras de DNA. São informações não apenas de condenados, mas também colhidas em locais de crimes, restos mortais não identificados e que podem auxiliar no reconhecimento de pessoas desaparecidas.

São Paulo é o estado que aparece em primeiro lugar na lista de perfis cadastrados, com 14.818. Pernambuco vem em segundo (13.516), seguido do Rio Grande do Sul (5.658), de Goiás (5.531) e do Paraná (5.431). De acordo com o ministério, 45% desse total de perfis foram cadastrados neste ano.

Material genético obtido a partir de vestígios encontrados em locais de crime ou coletado de indivíduos condenados pelos crimes já citados, que autorizam o cadastramento, pode ajudar na elucidação, conforme destaca o ministério ao lembrar dois casos em que a confrontação de informações genéticas levaram à identificação e prisão de criminosos.

O primeiro caso, de acordo com a pasta, ocorreu em maio de 2014, quando um homem detido pela Polícia Federal (PF) por ter cometido um crime em Pernambuco era suspeito de ter praticado outro crime em São Paulo. O segundo ocorreu no fim do ano passado. Após ser preso pela PF devido à suspeita de ter participado do assassinato de um agente federal de execução penal, em 2016, em Cascavel (PR), um homem teve seu DNA comparado a vestígios recolhidos na base de uma empresa de transporte de valores de Ciudad del Este que, em 2017, foi alvo de um assalto violento.

Além disso, o material genético foi comparado ao encontrado em uma agência do Banco do Brasil de Campo Grande, cujo caixa-eletrônico foi explodido por bandidos também em 2017. Segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública, o trabalho só foi possível porque os vestígios biológicos coletados por peritos no Paraguai e em Campo Grande tinham sido inseridos no Banco Nacional de Perfis Genéticos, permitindo provar a participação do então suspeito nos três crimes.

Atualmente, todas as 27 unidades da Federação já contam com laboratório de genética forense em suas instituições de perícia oficial. Além disso, 20 laboratórios alimentam rotineiramente o banco, mantido pela Polícia Federal e gerenciado de acordo com as diretrizes estabelecidas por um comitê gestor de especialistas e representantes de diferentes instituições.

Fonte: Agência Brasil

Revista publica artigo sobre a contribuição da investigação pericial para a Justiça

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A Revista Justiça e Cidadania publicou artigo assinado pelo presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), Marcos Camargo, e pelo diretor regional da entidade no Rio de Janeiro, Levi Costa. A publicação, com o título “A contribuição da investigação pericial para a Justiça”, faz parte da edição nº 238 do periódico, publicada em junho.

No artigo, os peritos criminais federais discorrem sobre a importância do exame do corpo de delito e da investigação pericial do local de crime. Reforçam ainda que a atividade da perícia criminal tem o condão de dar as bases para o processo penal com elementos objetivos e robustez científica, além de auxiliar os magistrados a tomarem decisões sólidas.

Marcos Camargo e Levi Costa também chamam atenção para as tentativas de flexibilização e relativização da prova pericial, e alertam para os riscos destas iniciativas para o sistema penal e à própria ordem Constitucional.

Confira a íntegra do artigo aqui.

Em reunião no MJSP, Marcos Camargo pede maior participação dos peritos criminais em decisões

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O presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), Marcos Camargo, se reuniu nesta 2ª feira (8/6) com o secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Tercio Issami Tokano. Na oportunidade, Camargo apresentou pontos importantes para o fortalecimento da perícia criminal federal e da segurança pública no Brasil.

“Ao longo da história, a maior parte das políticas do setor tem se desenrolado de maneira a relegar o participação científica a um segundo plano. São os peritos criminais que detêm a expertise e a competência legal para a fusão entre ciência e segurança pública, com o objetivo de prevenir e solucionar crimes e combater a criminalidade. Por isso, é essencial uma maior participação desses profissionais nas ações decisórias do ministério”, destacou Marcos Camargo. 

Na reunião, o presidente da APCF abordou o rebaixamento das unidades regionais de criminalística na estrutura organizacional da Polícia Federal e cobrou soluções para a perda de atribuições dos peritos criminais na instituição. “As leis que tratam da autonomia técnica, científica e funcional dos peritos criminais e da direção das atividades de criminalística federal precisam ser melhor regulamentadas na PF”, disse. 

“Além de dar maior eficiência aos profissionais da perícia federal, é importante garantir a produção da prova material de forma isenta, imparcial e equidistante das partes, destinada ao processo penal e essencial para garantir o princípios do contraditório e da ampla defesa, alicerces do estado democrático de direito”, complementou Camargo.

Outros assuntos

O presidente da entidade pediu ainda apoio para a criação de novas vagas para perito criminal da PF e a convocação dos excedentes do último concurso, tendo em vista que o cargo foi o único que não teve aproveitamento total dos aprovados. Também ressaltou a perda de adidância policial para a categoria e se manifestou sobre a ausência da Diretoria Técnico-Científica em discussões de assuntos relacionados à perícia criminal. 

Marcos Camargo também apresentou a proposta de criação da Secretaria Nacional de Ciências Forenses, com o objetivo de fomentar e regular as políticas de ciências forenses no Brasil. “Nossa missão é contribuir para o aprimoramento da segurança pública do Brasil e no desenvolvimento da criminalística, por isso nos colocamos à disposição”, ponderou o presidente da APCF.

Benefício APCF: aproveite as novidades do Gympass para o período de pandemia

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O Gympass, aplicativo de academias e estúdios que tem convênio com a APCF, está com diversas novidades para manter o bem-estar físico e mental durante a pandemia do novo coronavírus.

Com objetivo de incentivar a prática de atividades físicas em tempos de isolamento social, a plataforma incluiu múltiplas opções para os associados praticarem exercícios e se manterem bem a qualquer hora e em qualquer lugar – até em casa.

Enquanto as academias não podem funcionar normalmente, o assinante do Gympass tem acesso a aulas online ao vivo, sessões online e individuais com personal trainers, além de apps com aulas sob demanda e conteúdo completo de bem-estar.

As novidades estão inclusas em todos os pacotes, que variam de R$ 29,90 a R$ 489,90 mensais por pessoa. Além disso, novos assinantes ganham 30 dias grátis e não é cobrado taxa de adesão nem de cancelamento.

Gympass Ao Vivo

Ao abrir o app ou o site do Gympass, o associado tem a opção de aulas ao vivo. Nessa ferramenta, é possível conferir diversos treinos em grupo e até individuais. Após acessar a sessão, basta verificar as aulas disponíveis, agendar o exercício que deseja e no dia do treino o assinante receberá um link por e-mail para participar.

Gympass Wellness

Outra novidade é o Gympass Wellness, que dá acesso gratuito a uma rede de apps de atividade física e bem-estar. A ferramenta oferece diversos produtos e serviços, desde aulas online (running, Spinning, Yoga, HIIT, entre outras) até planos de nutrição, perda de peso, sono e meditação. O benefício está incluso em todos plano do Gympass.

Abra o app ou site do Gympass e clique na seção Gympass Wellness. Em seguida, confira a lista de aplicativos disponíveis no seu plano, escolha uma opção, leia as instruções e clique em “ativar”. Depois, crie uma conta grátis usando seu e-mail corporativo. Pronto!

Nota de pesar – PCF Francisco Willian Lopes Caldas

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É com profundo pesar que a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) recebe a notícia do falecimento do perito criminal federal aposentado Francisco Willian Lopes Caldas, aos 72 anos. Ele morreu neste sábado (6/6), em Goiânia, em decorrência de problemas cardíacos.

Caldas entrou para a Polícia Federal como perito criminal em 1979. Sempre atuou na Superintendência de Goiás, onde chefiou o Setor Técnico-Científico (Setec) até se aposentar.

A APCF se solidariza com os familiares e amigos do colega. Desejamos força neste momento de dor. Ficam as boas lembranças e o reconhecimento da excelência do profissional, que muito contribuiu para o fortalecimento da criminalística federal.

Artigo: Medicamentos falsos

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Por Diana Brito da Justa Neves e Luciana Souto Ferreira, peritas criminais federais

O ano era 1998, quando, ainda no primeiro semestre, várias mulheres engravidaram tomando o anticoncepcional Microvlar – não se sabe ao certo o número de gestações indesejadas que ocorreram. Posteriormente descobriu-se que a Schering do Brasil havia realmente fabricado milhões de comprimidos sem substância ativa para testes de embalagem; no entanto, esses produtos acabaram sendo desviados e entraram na cadeia formal de distribuição de medicamentos.

Ainda no mesmo ano, ocorreu outro escândalo envolvendo a Schering do Brasil, relacionado à falsificação do medicamento Androcur, utilizado para tratamento de câncer de próstata. Uma farmácia de manipulação fabricou um lote falso do Androcur, sem nenhuma substância ativa, e esses produtos também foram distribuídos ao uso no mercado formal. Ao menos cinco óbitos por câncer são atribuídos ao uso desses comprimidos inócuos (algumas fontes falam em ao menos dez pacientes).

Esses dois casos emblemáticos motivaram a promulgação da Lei nº 9.677/98, que incluiu a falsificação de medicamentos no rol dos crimes hediondos, e a criação da CPI dos Medicamentos, em 1999, que culminou com a criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa. Desde então, a Anvisa já publicou mais de 160 resoluções relacionadas à detecção de produtos falsos no mercado nacional e mais de 3500 resoluções relacionadas a produtos irregulares (sem registro, fabricados em instalações desconhecidas etc). 

A Lei nº 12.894/13 incluiu expressamente, dentre as atribuições da Polícia Federal, a atuação em crimes de falsificação e adulteração de medicamentos. Bem antes disso, porém, a PF já apreendia e periciava medicamentos contrabandeados, falsos, sem registro ou comercializados ilegalmente no país. Os dados obtidos nos laudos periciais, emitidos pela perícia federal, possibilitam delinear qual era o cenário do mercado clandestino de medicamentos em determinado período, e também acompanhar a evolução desse mercado, que responde tanto às demandas quanto a alterações na legislação.

Para avaliar como esse cenário tem se modificado nos últimos dez anos, foram levantados os dados de todos os laudos periciais emitidos pela PF relacionados a medicamentos industrializados nos anos de 2008, 2012 e 2018. No ano de 2018, obtiveram-se ainda dados relacionados ao exame de insumos farmacêuticos (matérias-primas utilizadas para fabricação de medicamentos). Esses dados foram consolidados e comparados, e foi possível traçar um panorama evolutivo desse mercado irregular.

2008

Em 2008, a Perícia Criminal Federal elaborou 49.732 laudos periciais, dentre os quais 759 (1,5% do total) relacionados a medicamentos industrializados de uso humano. Esses laudos descreviam os exames realizados em 2.543 amostras de medicamentos. 

O produto mais apreendido, naquele ano, foi o denominado Pramil, representando 12,7% de todos os medicamentos analisados. O Pramil é de origem paraguaia e contém sildenafil, o mesmo princípio ativo do Viagra – medicamento devidamente registrado na Anvisa. Aliás, o sildenafil era o fármaco declarado na embalagem de 23% de todos os medicamentos analisados no período, e os fármacos para disfunção erétil (incluindo ainda tadalafil e vardenafil) foram responsáveis por quase 30% das perícias realizadas. 

A maioria dos produtos analisados tinha origem declarada paraguaia (38,3%) ou nacional (33,2%), e apenas 8,3% tratavam-se de produtos de origem indeterminada ou não declarada. Além do Pramil, os medicamentos mais periciados denominavam-se Rheumazin Forte (antirreumático paraguaio), Cialis e Viagra (medicamentos nacionais para disfunção erétil), Cytotec (abortivo de origem declarada italiana) e Lipostabil (medicamento para embolia gordurosa usado clandestinamente em clínicas estéticas para diminuir depósitos de gordura, de origem declarada italiana).

blankMedicamentos mais frequentes de 2008

Apesar de nenhum anabolizante estar entre os medicamentos mais apreendidos, a categoria dos esteroides anabolizantes foi a segunda classe terapêutica mais periciada, representando 19,3% dos medicamentos. O anabolizante apreendido mais frequente foi o Durateston, de origem nacional, que foi o oitavo mais periciado. Depois dos anabolizantes seguiram os antirreumáticos (6,8% do total, representados unicamente pelo Rheumazin Forte), produtos sem formulação declarada (6,3%), benzodiazepínicos (6,1%), anorexígenos (4,8%) e abortivos (3,9%). Observou-se uma grande variedade de classes terapêuticas apreendidas, e em muitas delas não foram detectadas falsificações / irregularidades. Isso pode ser um reflexo de operações em drogarias, onde havia uma denúncia de que determinado estabelecimento estaria comercializando produtos falsos / sem registro e todos os produtos do estabelecimento eram apreendidos, e não apenas aqueles relacionados à denúncia.

Dentre os 2.543 produtos analisados, 309 foram considerados falsos pelos peritos (12,1%). Os medicamentos mais falsificados foram o Cialis (96 casos), Viagra (57 casos), Durateston (14 casos), Hemogenin (anabolizante, 12 casos) e Levitra (para disfunção erétil, 12 casos). No total, 53,4% das falsificações estavam relacionadas a medicamentos para disfunção erétil e 33,3% aos anabolizantes, com alguns casos ainda relacionados ao Cytotec, Lipostabil e produtos declarando conter hormônio do crescimento. É importante destacar que o medicamento Cialis, lançado em 2003, entrou o ano de 2008 como o medicamento mais vendido do Brasil no ano anterior, ocupando cada vez mais o mercado do Viagra, que havia sido lançado em 1998.

Não havia, em 2008, nenhuma regulamentação específica sobre a realização ou não de exames químicos na perícia em produtos farmacêuticos. Como consequência, apenas 46,6% dos produtos periciados efetivamente foram submetidos a esses exames. 

Informações quanto à formulação efetiva de um produto são relevantes na detecção de falsificações, principalmente quando não há padrões ou especificações de embalagem disponíveis para comparação. Nessa época em que os medicamentos mais falsificados eram o Cialis e o Viagra, as indústrias fabricantes (Eli Lilly e Pfizer, respectivamente) forneceram à PF padrões de embalagem e treinamento no reconhecimento de falsificações desses produtos. Isso se reflete no fato de que 80,5% das detecções de falsificações desses produtos foram feitas por exames de embalagem, e apenas 19% por resultados analíticos (princípio ativo diferente, ausência de princípio ativo ou presença de ativos adicionais). Para os anabolizantes, entretanto, 90,3% das falsificações foram detectadas pelos exames químicos, uma vez que a ampla maioria dos produtos declarados falsos são estrangeiros e não havia embalagens padrão disponíveis para comparação. 

2012

Em 2012, foram elaborados 626 laudos de produtos farmacêuticos industrializados, representando 1,43% dos 43.846 laudos emitidos pela Perícia Criminal Federal no período. Esses laudos descreveram os exames de 2079 produtos. 

Os exames de medicamentos de origem declarada nacional (43,1% do total) superaram aqueles de origem declarada paraguaia (35,9%), apesar do medicamento mais frequente continuar sendo denominado Pramil (12,0%). O Rheumazin Forte (2,5%) foi ultrapassado pelo Stanozoland Depot (3,7%), anabolizante paraguaio à base de estanozolol, e dois medicamentos à base de sibutramina (Sibutramina 15 e Fingrass; 2,5 e 2,2%, respectivamente) superaram o total de Cialis (2,0%) analisados. Ainda se verificou uma grande distribuição de classes terapêuticas; na somatória, entretanto, os anabolizantes (23,1%) superaram os medicamentos para disfunção erétil (19,9%) como categoria mais frequente. 

blankMedicamentos mais frequentes de 2012

Em 2010, caiu a patente do Viagra no Brasil, o que significou uma entrada maciça de medicamentos genéricos contendo sildenafil no mercado nacional. Isso pode ter motivado o fato de terem sido analisadas apenas 7 amostras de Viagra em 2012, em comparação com 82 amostras em 2008. Essa quebra de patente teve um certo efeito também na apreensão do Pramil, o “Viagra paraguaio”; apesar de, em termos percentuais, ela ter se mantido constante em cerca de 12% do total analisado, em números absolutos houve uma redução de 324 casos em 2008 para 250 casos em 2012. 

Mais de 70% dos produtos periciados foram analisados quimicamente em 2012, e foram detectadas 308 irregularidades (representando 14,8% do total examinado, e 20,8% dos analisados quimicamente). Os principais alvos de falsificação foram os anabolizantes (42,3% dos falsos), seguidos por medicamentos para disfunção erétil (16,6%) e anorexígenos (10,8%). O medicamento mais frequentemente falsificado foi novamente o Cialis (40 casos), seguido pelo Desobesi-M (29 casos), um anorexígeno de origem nacional, Stanozoland Depot (19 casos), Durateston (13 casos), Ciclo-6 (12 casos), um anabolizante chileno de uso veterinário, mas com vários relatos de uso abusivo por humanos, e Deca Durabolin, anabolizante nacional do mesmo fabricante que o Durateston (11 casos). 

2018

A quantidade de medicamentos periciados em 2018 (4.236 produtos) mais que dobrou com relação a 2012 (2.079 produtos). Os exames desses produtos estão descritos em 800 laudos periciais, que representam 1,6% dos 49.838 laudos emitidos pela Polícia Federal no período.

Os produtos de origem declarada paraguaia continuaram sendo os mais frequentes (33,9%); aqueles sem origem declarada, entretanto, superaram os de origem declarada nacional (20,6% X 14,6%, respectivamente). Os sete fármacos mais frequentemente declarados em embalagens foram anabolizantes, com o sildenafil na oitava posição e aparecendo em apenas 4,3% das embalagens dos produtos. O medicamento mais frequente passou a ser o Stanozoland Depot, seguido pelo Pramil, que representou em 2018 apenas 3,3% do total (141 casos), uma queda significativa em relação a 2012.

Em 2014 foi lançado o primeiro medicamento genérico contendo Tadalafila, princípio ativo do Cialis. Como consequência, enquanto em 2012 foram analisadas 42 amostras desse medicamento, em 2018 apenas uma foi analisada e também declarada falsa (continha uma mistura de tadalafil e sildenafil). Nota-se com isso um efeito positivo do aumento da disponibilidade de um produto no mercado regular (por exemplo, pela redução do seu preço devido ao lançamento de genéricos), onde o consumidor não vê mais necessidade em adquirir produtos clandestinos. O mesmo foi observado em outra ocasião quando a Anvisa liberou produtos à base de creatina no Brasil – suplementos de creatina estavam dentre os mais frequentemente periciados, e depois da liberação sua incidência caiu significativamente. 

Com a publicação da Orientação Técnica nº 10/2016, restringiu-se os casos onde a análise química de medicamentos durante os exames periciais seria obrigatória. Isso se reflete no percentual de produtos analisados quimicamente em 2018 (27,2%, contra 71,2% em 2012 e 46,6% em 2008) e, por consequência, no total de medicamentos declarados falsos (8,3%). Esse efeito é relevante porque observou-se que, em 2018, a PF apreendeu poucos medicamentos de origem declarada nacional (para os quais seria possível obter padrões de embalagem para comparação), e assim, o exame químico permanece como a principal opção para apontar irregularidades nesses produtos farmacêuticos. De qualquer forma, considerando-se apenas os produtos que foram submetidos a exames químicos, o percentual de falsificações detectada (29,6%) foi superior à observada nos outros períodos estudados (20,8% em 2012 e 17,5% em 2008). 

Uma grande concentração em termos de classes terapêuticas também foi observada – 68% dos produtos declaravam conter fármacos anabolizantes, enquanto 5,6% declaravam fármacos para disfunção erétil e 4,7% a presença de anorexígenos. Consequentemente, os medicamentos mais frequentes foram diversos anabolizantes estrangeiros, alguns anorexígenos de origem declarada nacional ou paraguaia e o Pramil (origem paraguaia).

Um fenômeno identificado em 2018 foram os anabolizantes underground, ou seja, produtos que não estão simulando ser um medicamento regular, mas sim produtos de marca própria, declarando ser fabricados por uma empresa não registrada em nenhum país. Algumas dessas marcas têm sítios ativos na internet, contas em redes sociais, e até mesmo fazem declarações de políticas de qualidade relacionadas aos seus produtos. Foram identificadas nos laudos periciais emitidos em 2018 mais de 40 nomes de marcas com essas características; alguns desses produtos são ilustrados a seguir (fotografias retiradas de laudos periciais). 

blankAnabolizantes com características underground

Em 2018 foram elaborados ainda 184 laudos relacionados a insumos farmacêuticos ativos (matérias primas empregadas no preparo de medicamentos), que descreveram os exames de 490 materiais. A maioria desses laudos (137) se referia a demandas do Paraná, enquanto 33 eram de São Paulo, 12 do Rio de Janeiro, uma do Mato Grosso do Sul e uma do Ceará. Todos os materiais foram analisados quimicamente; em 37 casos não foi possível discriminar de qual substância se tratava, e os outros 453 casos se distribuíram conforme disposto na Tabela 01. 

Tabela 01: Classe terapêutica e quantidade dos insumos farmacêuticos periciados em 2018

Classe terapêutica Número de amostras Massa total enviada a perícia (em gramas)
Anabolizantes 432 77394,5
Anorexígeno (ambos clobenzorex) 2 7089,8
Antidepressivo (ambos fluoxetina) 2 3027,6
Tratamento da disfunção erétil (todos tadalafil) 9 1097,4
Clareador de pele (hidroquinona ou monobenzona) 5 752,2
Expectorante (N-acetilcisteína) 1 398,8
Estimulante cardíaco (adrenalina) 1 28,8
Tratamento da acne (isotretinoína) 1 5,3


Considerações

A quantidade de medicamentos periciados aumentou significativamente em 2018, em comparação com os outros anos estudados, assim como o percentual de medicamentos sem registro na Anvisa. Essa elevação de medicamentos sem registro pode ser reflexo de uma mudança no perfil de medicamento do mercado clandestino, variando de “falsificações de medicamentos regulares nacionais” para “medicamentos estrangeiros e/ou sem registro”. Essa hipótese é reforçada quando se avalia o percentual de medicamentos, dentre as falsificações detectadas, que declaravam possuir registro na Anvisa: em 2008, 61,6% das falsificações se referiam a medicamentos registrados; esse valor foi para 46,1% em 2012 e apenas 19,4% em 2018. 

De 2008 a 2018 observou-se também uma mudança expressiva nas classes terapêuticas mais apreendidas, migrando de um cenário onde medicamentos para disfunção erétil eram mais prevalentes, mas outras classes também contribuíam significativamente, para uma grande concentração em anabolizantes. Esse fenômeno se encontra ilustrado a seguir.

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Classes terapêuticas apreendidas nos períodos avaliados, em termos percentuais

A principal hipótese para a queda nas apreensões e falsificações de medicamentos para disfunção erétil é o surgimento dos genéricos do Viagra e Cialis, ocorrida em 2010 e 2014 respectivamente, que ilustra a preferência do consumidor por produtos oriundos do mercado legal, quando financeiramente acessíveis. 

Se a maior oferta de produtos no mercado regular tem efeito positivo, o mesmo não pode ser dito quanto a proibições de produtos. Em 2011 a Anvisa publicou a RDC nº 52, de 06/10/2011, proibindo o uso das substâncias anorexígenas anfepramona, femproporex e mazindol, originalmente presentes em medicamentos como Dualid S e Inibex (ambos anfepramona), Desobesi-M (femproporex) e Absten S (mazindol). Essa mesma RDC também tornou mais rígido o controle sobre a prescrição e dispensação de medicamentos contendo sibutramina, que se tornou praticamente o único fármaco anorexígeno disponível no mercado. Como consequência observou-se que, enquanto em 2008 apenas 4,8% dos medicamentos periciados eram anorexígenos, esse percentual passou para 9,6% em 2012. Em 2018 esse percentual baixou novamente para 4,7%, porém em termos absolutos a quantidade não mudou (200 produtos em 2012, 198 em 2018). 

Apesar do Congresso Nacional ter suspendido a RDC nº 52/2011 em 2014, a Anvisa ainda não registrou nenhum medicamento contendo esses fármacos desde então, de forma que, na prática, eles continuam indisponíveis no mercado regular (exceto se oriundos de farmácias de manipulação). Como consequência, o que se observa em 2018 é que 100% dos 105 anorexígenos analisados quimicamente eram falsos, em oposição a 21,7% dos 180 analisados em 2012, ou seja, após a proibição em 2011, entraram primeiro no mercado anorexígenos de outros países. Esses produtos continham as substâncias descritas em suas embalagens, sugerindo serem produtos regulares em seus países de origem. Depois de um tempo, esses produtos foram substituídos por medicamentos falsos, como observado em 2018: dentre os cinco medicamentos mais falsificados, quatro eram anorexígenos (Dualid S, Desobesi-M, Sibutramina 15 e Fingrass 15), perdendo apenas para o anabolizante Durateston (medicamento mais falsificado em 2018).

Uma outra questão que merece atenção é o aumento no percentual de produtos sem origem declarada, o que pode ser entendido como aumento de produtos underground. De fato, em 2018 foram periciados 436 anabolizantes underground, e os medicamentos sem origem declarada (incluindo esses anabolizantes) somaram mais de 20% do total, enquanto em 2012 foram apenas 6,0%. Algumas dessas marcas underground declaram ser de fabricação nacional, e existem outras que, apesar de declararem ser de origem estrangeira ou apresentarem rótulo em idioma inglês, trazem erros grosseiros de grafia em seus rótulos (por exemplo, o produto declara ser de origem norte-americana, mas ao invés de trazer em seu rótulo a inscrição “Batch number” ou equivalente, traz “Lote”). 

Produtos sem origem declarada ou de marcas underground podem estar sendo fabricados no Brasil, e essa hipótese é bastante reforçada pela apreensão de insumos farmacêuticos ativos, notoriamente fármacos anabolizantes. A maioria desses insumos é apreendida no Paraná, onde localiza-se um grande centro de triagem dos correios para encomendas internacionais, sendo que alguns insumos são mandados para perícia ainda em suas embalagens postais. Em sua maioria, as encomendas são originárias de países da Ásia, notadamente Hong Kong, e têm destinatários em diferentes estados do Brasil. Seria interessante, em termos de investigação, o rastreio de outros insumos necessários à fabricação de medicamentos anabolizantes injetáveis (frascos de vidro, óleo, lacres metálicos, etc.), informações essas que iriam corroborar na tentativa de determinar a localização desses laboratórios clandestinos. 

Todo esse estudo deu origem ao projeto FARMONITOR, onde o  SEPLAB ficou responsável por repetir esse levantamento anualmente para continuar acompanhando o mercado clandestino de medicamentos, buscar identificar novas tendências, e divulgar esses dados em forma de relatório. Uma vez estabelecido o panorama do ano anterior, alvos de monitoramento serão definidos com mais embasamento. Dessa forma, produtos que não tenham sido analisados quimicamente durante a elaboração do laudo pericial, devido à OT 10/2016, devem ser enviados ao SEPLAB para serem analisados quimicamente em ocasião oportuna. Assim, mantém-se a celeridade na elaboração de laudos periciais, mas também será possível identificar quais substâncias estão efetivamente presentes nesses produtos – os alvos de monitoramento de 2019 são os anabolizantes underground

Uma meta adicional para 2020 é incluir medicamentos manipulados e suplementos alimentares no levantamento, para aperfeiçoar a delimitação do cenário de produtos farmacêuticos clandestinos no Brasil.

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